terça-feira, 2 de março de 2021

O mundo era melhor com o Orkut

Em janeiro do ano passado a Netflix lançou o documentário O Dilema das Redes, falando sobre como as redes sociais são problemáticas e nem um pouco saudáveis hoje em dia. Na época muita gente falou sobre o documentário pra mim e, mesmo sem assistir (e até o presente momento ainda não vi) eu critiquei o comportamento negativo das pessoas em relação às redes sociais. O problema não é a rede social mas o uso que você faz dela. É você que escolhe como alimentá-la.

Meu pensamento não mudou tanto assim com relação às redes, acho que muito do poder dela vai do tanto de poder que você dá a ela. No fim das contas é você quem decide qual conteúdo e pessoas você segue, quais fotos e informações você disponibiliza. Mas...

Enquanto caminhava para o crossfit ouvindo um podcast e o palestrante falava sobre quais são suas paixões e como geralmente é difícil você dar essa resposta. Realmente. Na hora eu lembrei de As Crônicas de Nárnia e como eu era um expert no assunto a uns dez anos atrás e essa minha paixão está totalmente ligada ao Orkut. Na época eu tinha outras paixões: Johnny Hollow, Tim Burton, Imogen Heap e todas essas paixões estavam intimamente ligadas ao Orkut.

O que faz o Orkut ser diferente de outras redes sociais como Facebook ou Instagram? A resposta é muito simples: quando se fala em Orkut qual é a primeira coisa que vem à cabeça? Comunidades.

O Orkut era uma rede social que agregava pessoas com algum gosto em comum e todas as ferramentas eram focadas em fazer essas pessoas interagir, manter um diálogo. Toda comunidade tinha um tópico para você se apresentar, cada tópico era organizado de uma forma linear, fácil de ser seguido. O mais importante ali eram as comunidades, não era o seu perfil, suas fotos... posteriormente até que havia os scraps e outros detalhes para promoção do perfil, mas ainda assim o mais divertido do Orkut era a comunidade. 

 Nas comunidades havia uma interação cotidiana, você tinha uma noção de diálogo, você podia conhecer as pessoas através de convivência, de ideias. Quando aparecia uma pessoa muito discrepante era apenas um troll, uma pessoa intencionalmente querendo  causar discórdia e os membros da comunidade mesmo já isolavam essa pessoa e a vida seguia em harmonia.

Com o facebook e posteriormente o Instagram o foco mudou totalmente. No facebook os grupos não são userfriendy para manter uma discussão: é difícil achar um tópico, os comentários são mostrados por ordem de "relevância", dentro do tópico temos várias discussões paralelas acontecendo e não uma linear e as páginas e seus likes parecem ter um viés exclusivo de te oferecer um produto. 

Já no instagram a situação complica ainda mais: o principal nem são palavras, mas imagens. Não é um lugar para o diálogo, é um espelho para os narcisistas. Filtros de fácil acesso para te "embelezar" e te fazer você se sentir feio. É uma realidade individual, você posta uma foto, alguém pode postar uma mensagem, ninguém está de fato interessado em ler a mensagem. As páginas que você dá like não incentivam você a conhecer as outras pessoas que também curtem aquele assunto, não existe diálogo. O instagram te incentiva a rolar a página pra baixo infinitamente e mais nada. 

Sinto falta de um ambiente em que eu possa encontrar gente nova com gostos em comum. Cada dia perco mais o interesse pelo Facebook e Instagram.Vou tentar assistir ao documentário O Dilema das Redes essa semana e perder ainda mais meu interesse pelos produtos do Mark Zuckerberg. E continuar saudosista do Orkut. 

Já falei que em 2009/2010 eu escrevia todos os dias no Myspace?

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."