quinta-feira, 13 de junho de 2013

So give me your everything or give me nothing never

As vezes eu acho que eu gosto de sofrer... já é a terceira vez que eu me meto na mesma cilada. É a terceira vez que fico construindo esses castelos de areia para no final vê-los desabar - e sofrer com isso. Acho que está na hora de eu por os pés no chão, focar no que é concreto, pensar mais em mim.

Tem tanta coisa acontecendo, tanta coisa importante. A faculdade está na reta final, tenho uma porção de prazos para cumprir, minha saúde não está das melhores, acabei de fazer alguns exames e semana que vem sai o resultado. E mesmo com todas essas preocupações reais, fico desviando minha atenção para essas incertezas.

E machuca mais é as pessoas que contribuem para que você construa esses castelos de areia, parece que fazem isso intencionalmente, e depois vão embora e te deixa com nada além de um montinho de areia de algo desmoronado... pra quê me dar esperança? Por que me fazer criar expectativas? Já estou com problemas de mais, você não precisava ter me dado mais um...

Vou tentar atar as extremidades frouxas, terminar as coisas que comecei e deixei de lado. Preciso organizar minha vida. Já comecei um pouco, está ficando meio automático eu acordar cedo (acreditem!), agora eu só preciso aprender a ir dormir mais cedo para recarregar a bateria direito ou de outra forma vou continuar totalmente fora de órbita durante as aulas a noite, como está acontecendo...

Acho que eu precisava de um tempo pra mim... um tempo pra pensar, depois um tempo para esquecer. Não sei explicar. Queria um tempo de tudo, queria que o mundo parasse por um mês e deixasse eu fazer tudo o que preciso, terminar o que deixei inacabado, rever alguns amigos, deixar algumas preocupações de lado. Parece que tudo está indo tão de pressa.

Tem tantas cartas que preciso escrever... tanta coisa que preciso escrever. Todas as cores estão me esperando, tanta coisa está querendo ser borrada no papel.

Por enquanto é isso. Se não ficou claro, é porque não era pra ficar claro mesmo até porque nem eu sei o que é.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Narrow streets of cobblestone

"Quando [...] cheguei pela primeira vez a Ouro Preto, o Gênio que a protege descerrou, como num teatro, o véu das recordações que, mais do que a sua bruma, envolve estas montanhas e estas casas -, e todo o presente emudeceu, como plateia humilde, e os antigos atores tomaram suas posições no palco. Vim com o modesto propósito jornalístico de escrever as comemorações de uma Semana Santa; porém os homens de outrora misturaram-se às figuras eternas dos andores; nas vozes dos cânticos e nas palavras sacras [...] e assim a minha Semana Santa era aquela que eu estava acompanhando ao longo destas ruas e era muito mais antiga."

Cheguei a escrever uma entrada para postar aqui anteriormente, mas acabei não publicando. Agora, os acontecimentos exigem que não adie mais uma atualização. Não sei por onde começar, então começarei por onde parece mais óbvio: pelo começo. Viajei para Ouro Preto.

A primeira viagem do ano (e espero que não a última) e também o mais longe que já fui. Fui apresentar um trabalho na faculdade num evento chamado SIMPOED... na verdade, o trabalho era mais como forma de ter a faculdade pagando alguns dos custos. 

Muitas coisas conspiraram para dar tudo errado: dívidas, minha saúde, um ônibus sem luxo algum... Ultrapassei todos os obstáculos: cartão de crédito contornou a falta de dinheiro, meu estômago se comportou (principalmente no ônibus durante a viagem), e mesmo o ônibus não sendo aqueles de viagem (foi um micro-ônibus apertado) me cansei menos do que quando fui pra são Paulo na condução luxuosa e menos do que quando fui de carro para Belo Horizonte. Acho que estou acostumando com viagens longas. Mas preciso registrar que perdi a paciência com as crianças com bexiga de velho com incontinência urinária que queriam parar em cada posto (e sempre que paravam tomavam uma garrafa de 2 litros de refrigerante em menos de 10 minutos - acho que só pra me irritar).

Chegamos em Ouro Preto com atraso (devido ao grande número de paradas), estava frio (já estava esperando por isso, a previsão do tempo tinha dito que a temperatura máxima seria 13°) e o ônibus não podia ir até nosso hotel (veículo pesado tem restrições pra andar pela cidade). Tivemos que ir andando sem saber direito pra onde até que um moço muito simpático chamado Matheus apareceu e nos guiou pela cidade até nosso hotel e nos deu várias dicas de como sobreviver a cidade. Assim que cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi adicionar o Matheus no facebook. Ele cursa museologia e me fez ter muita vontade de cursar também.

Enfim, voltando a narrativa: chagamos no hotel, fomos levados a um quarto minúsculo que mal cabia nossas 3 camas. Menos de cinco minutos depois estávamos fazendo uma porção de reclamações para o funcionário da estalagem e ele acabou nos mudando de quarto. Desta vez um no andar de cima (tinha uma lagartixa na escada que me deu um mini-infarto), maior e com uma cama de casal (e com um banheiro sem box que molhava tudo).

Realmente acho que estou me acostumando com viagens. Consegui dormir até bem e - pasmem - também caguei! Quando saio de casa meu cu tira férias. É como se eu tivesse tomado Desactivia. Mas dessa vez continuou tudo normal - "normal", ainda estou com aquele desarranjo intestinal que pretendo sanar essa semana quando for ao médico.

Mas vamos falar da cidade agora. Estava frio - não tão frio como eu gostaria. E frio deixa todo mundo mais elegante... muitos chapéus e toucas, cachecol é quase como parte do corpo. Até os mais pobres tinham um certo glamour nas vestimentas.

A cidade só tem morro com ruas estreitas de paralelepípedos The Sound of Silence. Muita neblina tudo muito íngreme, escorregadio e faz seu pé torcer a cada passo. Não importa a rua que você pegue, não importa a direção que você vá, você sempre acaba saindo no mesmo lugar. É até um tanto assustador, havia momentos que eu achei que estava em uma Silent Hill colonial. Descobri que usar meia-calça ajuda na circulação do sangue nas pernas e faz com que elas não doam. Subi e desci ladeira três dias e não senti nada!

O lugar tem uma atmosfera bastante diferente. É tudo muito antigo, como se o lugar tivesse parado no tempo, mas achei meio artificial... parece cenário do Projac para novela das 6. Toda aquela arquitetura colonial antiga, mas é tudo loja e restaurante por dentro e há carros em todas as ruas e gente pra todo lado.

Durante a noite isso mudava um pouco. Era tudo quieto, pouca iluminação e era quando eu gostava de andar pela cidade. Me sentia no cenário de algum conto do Edgar Allan Poe, em algum lugar na época Vitoriana.

Queria ter tido mais tempo e dinheiro para poder apreciar mais a cidade. O pessoal do PET do meu curso estava indo para Ouro Preto na quinta-feira para ficar durante 3 dias. Se eu tivesse dinheiro, teria ficado lá e voltado com eles e assim teria podido explorar mais a cidade. Havia igrejas pintadas de branco e amarelo em todo lugar, mas acabei não entrando em nenhuma.

Também tive decepção com pessoas. Durante os três dias, ou eu estava acompanhado da Adriana ou então da Jéssica (e as vezes, andando sozinho). São duas pessoas que a companhia me agrada e que me sinto confortável para dizer qualquer coisa.

No segundo dia, a Adriana havia ido para BH e passei um dia maravilhoso em companhia da Jéssica e tivemos muitas aventuras. Já era quase noite quando encontramos com um grupo de pessoas da viagem (que também era nossos amigos), eles nos convidaram pra ir num restaurante e recusei explicando o motivo (falei só para uma das garotas, com a qual achei que podia confiar) e segui para meu destino com a Jéssica. Primeiro ela queria passar no banco para sacar dinheiro e assim fizemos. Cerca de cinco minutos saimos do banco e rumamos para onde eu queria ir e no caminho, passamos pelo nosso grupo de amigos - já vieram todos me fazendo perguntas... a garota a qual eu havia dito para onde eu ia já tinha espalhado pra todo mundo.

 Isso me incomodou bastante porque era pessoal e o contexto tinha deixado bem claro que eu não queria que todo mundo ficasse sabendo e mesmo assim ela espalhou. E pior ainda foi gente que não tem a mínima intimidade comigo fazendo perguntas um tanto pessoais (durante todo o resto da viagem). E como era gente que não queria ofender, não sabia como demonstrar que aquilo estava me deixando desconfortável sem causar um climão (especialmente porque duas das pessoas estavam dividindo quarto comigo e eu teria que encarar toda hora).

Também tive aquele dejavu cabuloso - já havia sonhado com muito dos lugares e acontecimentos, inclusive alguns detalhes específicos, como o anél que comprei pra minha amiga.

Foi muito divertido, viajar é algo que sempre te acrescenta algo como ser humano. A Adriana disse que irá nos inscrever para um evento que vai acontecer no final do ano no Sul. Espero que dê certo,  por enquanto só conheço SP e MG... Ah! também estamos planejando sermos mochileiros pela América do Sul durante as férias e no final do ano que vem, na Europa. E quanto a Ouro Preto, já estou querendo voltar pra lá...
"Deixei Ouro Preto - e seguiram comigo todos esses fantasmas."
Citações retiradas de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles


"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."