domingo, 25 de dezembro de 2022

Running up that building

Acho que deu um mês na casa nova.

Antes eu tinha falado sobre meu gato ter desaparecido... foi achado. Ele passou a noite miando em algum lugar indeterminado até a manhã seguinte, quando fui procurar melhor e acabei descobrindo ele em uma casa abandonada isolada no meio do quarteirão. Liguei para os bombeiros que se recusaram a me ajudar, acabei eu mesmo fazendo o resgate. Depois disso ele passou a se aventurar menos, e as vezes que ele sai aparece um outro gato que bate nele... A Jadis não deu problema nenhum até agora e ambos estão bem mais domésticos e até engordando um pouco.

Na última vez que fui na minha antiga casa para buscar algumas coisas que ficaram pra trás, decidi pegar um dos ladrilhos hidráulicos da cozinha. Aquela casa foi a que eu passei mais tempo da minha vida e foi a primeira que eu deixei (por minha vontade própria e não porque eu era criança e não tinha poder de escolha). Decidi que queria levar uma lembrança física do lugar. Decidi pegar o ladrilho que ainda vou enquadrar e colocar na parede e também peguei uma pecinha tipo maçaneta da porta do banheiro - que eu estou pensando em fazer de colar (não sei se ficaria bom). 

 Ando cozinhando cada vez mais. Acho que atualmente minhas especialidades estão sendo pizza e focaccia. Estou fazendo pizza quase toda  sexta feira e focaccia cada vez com mais frequência. Ainda não aprendi fazer aquelas bonitas, com a cobertura imitando flores como as que eu vejo no pinterest. Mas o gosto está ótimo e elas estão ficando bem crocante por fora e macias por dentro - que é o mais importante. Ainda quero arrumar a cozinha... ter armários de madeira e prateleiras com os temperos e demais condimentos em frascos de vidros, tudo com uma cara cottage core. Aos poucos vou arrumando isso, conforme for tendo dinheiro (vai demorar).

Como é a primeira vez na casa nova, decidi montar a árvore de Natal. Ficou bonitinho, mas nada muito chamativo. Fica no hall do banheiro, não é um lugar que eu olho sempre. Tive a oportunidade de subir no Manhattan. Foi minha primeira vez dentro do prédio mais famoso de Uberaba. Quando cheguei no topo me deu um pouco de vertigem. Foi meio estranho. E a cidade pareceu tão pequena lá de cima. Consegui ver todo o limite do município e a sensação foi que de 10 minutos basta para cruzar a cidade. O porteiro foi muito gente boa, deixou subir sem criar caso e ainda falou que tinha que voltar a noite para ver a cidade iluminada. Anderson o nome dele... ainda vou dar um jeito de voltar lá a noite ou no por do sol.

Ainda tenho que tentar aproveitar minhas férias... mais um ano está terminando e estou ansioso para ver o que vai acontecer em 2023

sábado, 3 de dezembro de 2022

Um novo começo

 Um ciclo da minha vida terminou e outro se iniciou. Mudei de casa.

Foi a casa que passei mais tempo, foi onde terminei ensino fundamental, médio, comecei e terminei a faculdade, foi onde eu estava quando tive meu primeiro emprego, foi onde eu estava quando conheci muitos dos meus amigos que me restam até hoje. Foi onde vi minha mãe pela última vez, foi onde muitos ciclos da minha vida começaram e terminaram. Acho que posso dizer que foi a casa em que cresci.

 Me lembro da mudança: foi repentino. Onde morava anteriormente foi vendido e tivemos que achar algum lugar perto e a uma esquina de distância foi onde fomos parar. Era uma casa velha, o forro de madeira caindo, o chão de tábua corrida coberto por um carpete verde... pés de fumo nas janelas, canteiros arrasados no quintal. 

A casa era muito velha, meus pais não tinham interesse em investir para reformar. Com o tempo ela ficou ainda mais velha. Ainda assim, foi nosso teto e abrigo por mais de vinte anos. 

No começo do ano meu pai comprou uma casa com o dinheiro da herança de meu avô e eu comecei a morar sozinho. Agora em outubro combinei com uma amiga de Santos vir morar comigo. Mesmo atrasando um pouco os planos por causa da eleição tudo aconteceu bem rápido e ela chegou. 

Ela sugeriu reformar a casa, eu sugeri mudar para um outro lugar (a reforma ia custar muito caro e não resolveria muita coisa). Novamente tudo aconteceu muito rápido. Todo o tramite de imobiliária aconteceu sem tormenta e acabei de mudando para um apartamento em que uma amiga morou por 10 anos e estava desocupado por dois anos.

Curiosamente, eu tinha a chave do lugar desde sempre. Certa vez minha amiga me deu a chave para que eu pudesse cuidar dos gatos dela enquanto ela viajava. Depois ela pediu pra eu ficar com a chave para caso houvesse uma emergência e eu pudesse socorrê-la. Por uns três anos eu tive a chave do apartamento que agora é minha casa. Parece que estava predestinado a acontecer. 

E antes de ir, só gostaria de registrar que estou preocupado... o Salem II está sumido desde manhã cedo...

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Eu não te conheço

 Demorou 4 meses pra eu voltar a escrever aqui. A verdade é que ser adulto cansa mesmo. Deixa a gente exausto, esgotado emocional e mentalmente.Todo dia quando tenho um tempo livre só consigo fazer algo bem mecânico, algo que não exige concentração demais, nada de foco ou atividade cerebral mais elaborada. 

Por isso, nesses últimos meses, fico até tarde da noite assistindo a algum vídeo no youtube. Nem filmes ou séries consigo, porque falta foco. Ler também está sendo uma atividade impossível. Só agora comecei a ler o primeiro livro de março, os de abril estão empilhados junto com o segundo de março... 

Gosto de cozinhar, estou fazendo isso às segunda... nos outros dias tento limpar a casa sem muito sucesso. Ainda batalhando com questões financeiras. Nesse sentido a situação melhorou um pouquinho e a tendência é melhorar ainda mais mês que vem. Estou tentando fazer uma reserva para o período de vacas magras - não quero passar sufoco. 

Meu pai se mudou de vez. Levou a oficina e tudo, mas ainda consegue ocupar meu tempo. Ele está com problemas de saúde e sempre me liga pra socorrê-lo. Nessa semana ele foi internado e pediu para eu levar itens de higiene básica pra ele... gastei quase 200 reais para chegar na porta do hospital e ele me falar que não precisava mais porque a véia que ele "namora" já tinha levado as coisas para ele.

Hoje tive que vir escrever...  eu não ia. Já tinha ido pra cama. Mas fiquei rolando na cama, com pensamentos rolando na minha cabeça. Precisei tirar um pouco da mente e colocar em palavras. 

Estou um pouco cansado de me sentir mal. De dar poder para as pessoas me fazerem me sentir mal quando eu não fiz nada. As vezes eu até faço algo, mas é mínimo e não justifica as reações. O que era pra ter sido uma noite memorável na minha vida virou um desastre. E aqui estou, esgotado mais uma vez. 

E eu nem sei se tenho culpa, ou se meus sentimentos estão sendo invalidados. Estou sempre pensando no bem-estar de todo mundo, sempre tento colocar a vontade dos outros na minha frente. Acho que de vez em quando eu tenho direito à fúria, a me sentir mal, injustiçado, ter raiva. Especialmente quando me direcionam por tanto tempo e tantas vezes raiva por algo que eu não fiz ou não tenho culpa.

Hoje eu quero começar a me permitir sentir. Seja algo bom ou algo ruim. Eu quero poder ficar triste, com raiva. Eu não quero mais ficar entorpecido, tentando deixar tudo passar, respirar fundo, contar até 10 e sorrir como se nada tivesse acontecido. Eu quero me dar o direito de poder sentir o que for necessário sentir no meu coração.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Um abrigo

Agora a chuva cai lá fora. Aqui dentro eu imagino, planejo, sonho. 

Pode ser uma cidade grande ou pequena. Moderna ou histórica... gosto de algumas cidades históricas mas isso não é um pré-requisito. Seria interessante ser em uma região central, antiga, que tenha seu próprio microcosmo. Um lugar que você passe na frente todos os dias e nem repara mas o dia que finalmente percebe esse lugar acha uma graça.

Queria que fosse um sobrado. Poderia ser um apartamento em um prédio pequeno. Algo com dois ou quatro apartamentos, não muitos andares. Provavelmente um prédio antigo, com um apartamento espaçoso, sala grande. Gosto de espaço, gostaria de ter um quintal, um lugar para plantar então uma casa seria o ideal  e eu gosto de sobrados. Gosto de ficar em um lugar acima do level da rua, com uma visão melhor do horizonte, outros telhados, também gosto da forma diferente como as luzes da rua entram pelas janelas de um segundo andar. Cria uma atmosfera diferente. E se for para ter atmosfera, poderia ser um apartamento em que no térreo existe um café ou uma livraria.

No quarto não há cama, só o colchão no chão em cima de um tapete, pode ser uma capa sem pernas, só um frame segurando o colchão. A roupa de cama é de tecido natural em tons claros: cinza, champanhe, off-white, tons de terra, azuis ou verdes bem claros. Nas mesas de cabeceira, abajur com uma iluminação amarelada bem aconchegante. Uma escrivaninha na janela com alguns livros, tinteiro, flores, castiçal. Um guarda roupa pequeno, alto, duas portas de forma que inspire o não acumulo de roupas. Cortinas de algodão

A sala ampla, janelas grandes, muita iluminação natural para ajudar no desenvolvimento das inúmeras plantas.  Urban Jungle. Nas paredes quadros com borboletas, mariposas, besouros, pássaros, desenhos anatômicos. Na mesa de centro, esqueletos de pequenos animais em cúpulas de vidro, livros, chifres e crânios de animais, velas. Uma vitrola, sim. Com uma coleção de LPs. E mais livros. Não podemos esquecer o piano.


Na cozinha há uma ilha onde dá para cozinhar olhando as pessoas à mesa. Vidros com temperos, ramalhetes de ervas dependurados pelas paredes. Muita madeira escura por todas as superfícies. 

A oficina tem a máquina de costura, agulhas de crochê e tricô, materiais para bordado. Materiais para desenho e pintura, também uma biblioteca. 

Para fazer companhia, um gato preto bem gordo senhor de todo o reino.


"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."