sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

PROSPECTO


A pandemia bagunçou todo o calendário. Como a pandemia começou no início de 2020 (pouco depois Carnaval, então pode-se dizer que o ano nem tinha começado) parece que tivemos 2019.1 e 2019.2. Ao menos essa é a minha percepção do tempo. Sem poder comemorar nenhuma data a marcação do tempo realmente ficou comprometida. Meu (então recente) ritual de marcar o início do ano com base no meu aniversário e não no dia 1° de Janeiro também esvaneceu. 

Quero tentar voltar a viver (pós-pandemia onde a pandemia ainda não acabou). Por isso vou voltar o inicio do ano para o calendário romano mesmo e já vou fazer a minha lista de desejos para o ano que começa.

Consegui colocar os livros da TAG em dia (que era o meu objetivo de 2021). Para o ano que vem quero não deixar as leituras se acumularem. Não pretendo ler 40 livros como esse ano... Vou manter os dois mensais da TAG em dia, um do clube de leitura e preciso ler uns que estão na minha estante. Tentarei aproveitar Janeiro para ler o máximo (dos livros da estante) para depois ter mais tempo livre.

Quero botar as séries que gosto em dia, algumas até recomeçar do começo porque nem lembro mais do que havia acontecido anteriormente. Entre elas: DARK, His Dark Materials, The Walking Dead, Westworld, 3%, American Crime Story, Ratched e muitas outras... Esse ano acho que só assisti American Horror Story, O Conto da Aia e Squid Game.

Os filmes terão mais presença na minha semana também. Assisti muita pouco coisa nesses últimos anos e isso é bem incomum pro meu padrão. Então ao menos um filme por semana eu vou incluir na minha rotina. 

Quero continuar com os exercícios físicos. Gosto do crossfit, me faz bem. Estava indo quatro vezes na semana, agora nas férias estou indo de segunda a sexta. Não sei como vão ser meus horários no trabalho ano que vem, mas vou tentar manter ao menos os 4 dias. 

Cozinhar já virou uma realidade pra mim. Costumo cozinhar na segunda o almoço e janta da semana inteira. Gosto de sentar, descascar e picar as coisas (enquanto ouço um podcast). É terapêutico. Aos poucos estou ampliando meu repertório de receitas... Não vou me tornar um chef, mas vou progredindo aos poucos e evito os ifoods frequentes. Então o plano é manter essa rotina. 

Quero escrever mais, talvez esboçar algumas crônicas, alguns contos ou até arriscar algum romance. Quero desenhar e tentar aprender a usar tinta aquarelável. Quero fazer alguns projetos em crochê. Quero tentar fazer encadernação de livros (já tenho um diploma no assunto de tanto assistir vídeo no youtube) e quero aprender a costurar. 

Preciso juntar dinheiro porque quero viajar. Ouro Preto é um destino que quero regressar desde a minha viagem pra lá em 2013 e de lá quero dar um pulo em Inhotim. A Janine quer que eu vá visitá-la em Curitiba e eu também gostaria de ver a Nina lá em Santos de novo. Além disso tenho o sonho de visitar os Lençois Maranhenses... É certo que não vou poder ir para todos esses lugares, mas ao menos um destino eu gostaria de conseguir ir para descansar.

Ah! e quero celebrar. Quero fazer festa - não é para ser um LollaPalooza. Nada do tipo. Quero fazer alguns pequenos encontros com os amigos nas datas comemorativas. Ou quem sabe só eu mesmo com meus gatos... Quero datas especiais pra ajudar a marcar o tempo e não sentir que o ano passou sem eu ver...


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

RETROSPECTO

E mais um ano passou. Ou algo assim. É fato que esses últimos anos passaram voando e a sensação é de que não passou tempo algum, o dia se esticou, caiu a noite e quando a manhã veio já era dois anos depois. É uma loucura como a nossa noção do tempo pode ser distorcida.

Mas um ano passou. Foram 365 giros do planeta Terra em torno de si mesmo e uma volta completa ao redor do sol. Não foi um ano memorável, não foi um ano produtivo, não foi um ano com grandes acontecimentos na vida pessoal. Foi um ano de viver um dia depois do outro, acordar, levantar, trabalhar, aguentar o dia, dormir e repetir o ciclo. Não vou dizer que foi um ano ruim. Foi um ano que fiz o que deu pra fazer, e o mais importante foi tentar sobreviver. Desde ano passado que meu maior objetivo era não ser contaminado pelo COVID-19 e consegui ter sucesso nisso.

Entre os hiatos da rotina consegui ler bastante. Foram 41 livros (estou contando os dois que ainda vou terminar antes do dia 31 de dezembro). E a leitura era o meu maior (e acho que único) plano para 2021. Queria por meus livros em dia, achei que conseguiria isso até o meio do ano... precisei de mais tempo, seis meses a mais. Atualmente estou lendo o livro desse mês da TAG e depois lerei um livro que a TAG enviou em dezembro do ano passado e ai estarei "em dia". Minha lista de leitura ainda tem vários outros títulos esperando para serem lidos, contudo por os da TAG em dia já me faz considerar missão cumprida. 

Comecei o ano no crossfit, fiz por três meses, veio o lockdown e parei. Voltei depois de tomar a segunda dose da vacina e essa semana fez dois meses que estou me exercitando novamente. Uma caminhada de cerca de 35 minutos pra ir e 35 minutos para voltar, seis quilômetros no total. Não tenho focado na balança, me pesei uma vez quando comecei e depois outra vez quando já tinha feito um mês treinando. Constatei que perdi quase três quilos. Ainda não me pesei novamente e pretendo fazer isso ainda essa semana... minha silhueta diminuiu um pouco e seria um motivacional constatar que os números na balança também diminuíram. 

Com todo esse tempo de caminhada aproveitei pra ouvir podcasts. Viciei no Calma Gente Horrível, nesses dois meses consegui ouvir mais de 90 episódios (cada um tem em média uma hora de duração). Achei bem interessante, informativo e engraçado. Ao total já tem 111 episódios e vou tentar maratonar até ficar em dia ainda esse mês (provavelmente não vou conseguir, mas até o final das férias é certeza que vou ter terminado). E foquei totalmente nesse podcast e acabei deixando o da TAG de lado, também pretendo retornar a ouvi-lo.

Acho que a última coisa digna de nota sobre o que fiz esse ano é dizer que cozinhei mais. Não sou um cozinheiro incrível, não acho que minha comida seja especial e teve vezes que me decepcionei com o resultado final. Dito isso também não me considero o pior dos cozinheiros. No geral minha comida é normal, gostosa mas não espetacular. Quanto mais cozinho mais ganho confiança e vou ajustando os temperos e tento expandir meu repertório fazendo receitas diferentes.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Tinha esquecido o título

Ensaiei vir escrever algo várias vezes nas últimas semanas e a procrastinação me sequestrou em todas as tentativas. Inclusive já tenho três posts salvos nos rascunhos (pra ser honesto, eu comecei a escrever um e os outros dois eu só coloquei o título que é o suficiente pra me lembrar sobre o que quero escrever depois)

Geralmente eu escrevia na sexta a noite ou final de semana e como agora não estou ficando em casa nos finais de semana acabada ficando complicado escrever. Hoje dei aula até as 22h, nos demais dias estou um tanto cansado de ficar em frente ao PC e vou ler. Durante o dia é impossível eu criar coragem para digitar o que quer que seja. 

Por ser semana de prova eu consegui relaxar um pouco mais, aproveitei para ler e consegui terminar um livro e já estou quase na metade de outro. Amanhã deve chegar os dois desse mês da TAG. Sei que um deles vai ser pequeno e o outro maior (mais de 400 páginas) e ainda tenho que terminar o que comecei e tenho mais um atrasado da TAG de dezembro do ano passado. Assim que esses 4 livros estiverem lidos, vou poder dizer com orgulho que estou atualizado nas minhas leituras.Minhas férias virão uma semana antes do que eu esperava então tem chances de eu conseguir cumprir essa promessa. 

Ainda sobre as leituras: depois de atualizar os da TAG tenho que ler o do meu professor (que tem um personagem em um capítulo que é inspirado em mim!!!) e o do Natan. Também pretendo ler os livros extras que a TAG enviou e que vêm acumulando a uns 2 anos (ao todo são 11 livros, sendo a maioria de contos ou romances bem curtos - ou seriam novelas?)

Ah! e mais uma coisinha sobre as leituras: comecei a fazer "fichamento" dos livros que estou lendo. Coisa simples só pra me ajudar a lembrar mais da história e tenho intenção de escrever pequenas resenhas aqui de cada livro que ler ano que vem. 

Comecei a gostar de cozinhar. É claro que não cozinho todos os dias, geralmente faço comida na segunda que dá pra semana inteiro (ou até quinta, por ai) e vou esquentando no micro-ondas. Ainda assim, segunda feira é um dia feliz. Aos poucos vou tentando outras receitas, ajustando temperos e variando o cardápio. Essa semana fiz strogonoff pela primeira vez e saiu bem gostoso (receita tão simples e que eu nunca tinha tentado). Esse final de semana estou pensando em tentar fazer guiosa de novo, agora seguindo a receita do recheio e não fazendo freestyle como dá última vez. Acho que vou começar a escrever um caderno de receitas também.

Chegando as férias tento escrever os posts que programei...



quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Segunda dose

Acho que estou vivendo em Silent Hill. Acordei cedo para ir ao trabalho e a cidade estava coberta em uma fumaça, fui comprar uma pizza a noite e a cidade continuava coberta nessa fumaça. Então estou vivendo nessa cidade que está constantemente envolvida nessa fumaça (e é fumaça mesmo, não uma neblina para umidificar os pulmões). Não obstante, está "nevando" fuligem preta. 

A cidade está um calor infernal, há racionamento de água durante o dia. Existe previsão de chuva para o final de semana e estou me apegando a essa possibilidade, espero que chova por toda a cidade e não apenas em algum bairro isolado. Preciso cumprir minha promessa e tomar um banho de chuva. 

Devido ao calor, estou tendo dificuldade para dormir (não que eu dormisse como um anjo antes). Ontem eu nem cheguei a me cobrir, o que é incomum, mesmo no calor eu gosto de me cobrir com o cobertor. Me sinto bem com o peso dele. E eu estava bem cansado (ando dormindo mal e tendo que acordar cedo) e assim que dormi eu apaguei. Acordei com meu gato dormindo ao meu lado todo arreganhado de barriguinha pra cima... e ao lado dele tinha uma lagartixa de barriga pra cima (morta). Depois do susto (desespero) inicial eu me levantei e lidei com a situação. Me surpreendi com a facilidade (talvez porque a lagartixa estava definitivamente morta e não iria tentar correr pra cima de mim).

A propósito, notou os parênteses nesse texto? Pois é, comprei um novo teclado para o meu notebook e agora tenho todas as tecla funcionando de novo e é um teclado bem bonito com as teclas redondas, um estilo bem clássico e sério (nesse momento estou tendo pensamentos confusos sobre fazer uma resenha longa sobre um teclado e parar de falar do teclado porque é só um teclado).

Depois de três dias de atraso eu finalmente tomei a segunda dose da vacina e já me sinto um pouco mais livre. Acredito que vou conseguir sobreviver à peste sem ser tocado por ela. E tenho quinze dias pra me organizar e tentar voltar para o crossfit. Quero (e preciso) fazer uma atividade física. Ganhei alguns bons quilos desde que parei o crossfit depois do novo lockdown. 


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Missão cumprida

Dia #7

Hoje eu chego ao último dia do meu mini-desafio de escrever aqui no blog durante sete dias seguidos. Confesso que por pouco não esqueci de vir escrever hoje. Estava entretido com outras coisas e esqueci totalmente que tinha que escrever algo para hoje. Como lembrei a tempo, cá estou desenrolando o tema que acho que decidi dois ou três dias atrás. 

Consegui completar o que me propus... depois de falhar miseravelmente na primeira vez. Postei no twitter que iria escrever durante sete dias no blog e uma semana depois não tinha escrito um dia sequer. Não tinha desistido da proposta, só não acho que estava compromissado com a minha própria proposta. Mas uma semana depois decidi por o desafio em prática. 

Amanhã quero ler tudo o que escrevi e sentir como me sai no projeto. Escrevi a maioria dos textos durante a madrugada quando o sono já batia e, como de costume, nem reli para fazer correção de erros e muito menos tentar melhorar alguma sentença, polir vocabulário, deixar alguma ideia mais clara ou mesmo tentar deixar mais interessante. E se alguém leu o que escrevi e foi atencioso, talvez tenha notado que nunca usei parênteses. Vai encontrar alguns colchetes aqui e ali e o motivo é que meu teclado está com defeito e o parêntese esquerdo não funciona. 

Apesar de não ser capaz de fazer algum julgamento sobre a qualidade dos textos [mentira, sou sim, tá tudo uma merda] percebi que ficou mais fácil escrever, elaborar os parágrafos se tornou mais fluido. E posts que eu achei que seria bem curtos ganharam um tamanho considerável e foram escritos de forma bem rápida e de última hora. Realmente, escrever é uma prática. Quanto mais escrevo, mais fácil parece ficar.

Não sei se fica melhor. Como escrevo rápido e não releio o que escrevo não me sobra margem para estilizar a linguagem. Como disse no terceiro parágrafo, não escrevo tentando polir o texto. Talvez eu possa me desafiar a escrever sete dias mas determinando quanto tempo eu tenho que me dedicar para cada texto. Será que duas horas sem distrações podem ser o suficiente para ter algum impacto no forma de escrever? Ou talvez não determinar tempo, mas me obrigar a fazer uma revisão. Stephen King diz que escreve pela manhã e a tarde revisa tudo o que escreveu. Talvez seja esse o segredo. Escrever e revisar e reescrever. Acho que vou tentar. 

E para o início de semana foi bem ter essa sensação de missão cumprida, de ter conseguido terminar algo. Teve dia que eu pensei em me sabotar, achar uma justificativa para não escrever e no fim consegui ignorar a voz na cabeça e fui até o fim. Amanhã vou até me dar um prêmio.Mereço um açaí... 

Não vou continuar escrevendo todos os dias mas quero ter um pouco mais de frequência... na época do Myspace eu consegui escrever todos os dias. Só que aquela época as minhas obrigações era ir pra escola e moderar comunidades do Orkut, era tudo muito mais simples...

Saudade dessa época simples.

 

domingo, 12 de setembro de 2021

Constelação Familiar

Dia #6

Outro dia um amigo estava falando sobre os problemas que teve com a família durante a infância [em especial com o pai alcoólatra],  uma outra amiga também reclamou no twitter de uma situação familiar e nos dois casos eu usei minha situação como exemplo de que está tudo bem não se dar bem com a família.

Precisei de tempo para amadurecer, minha infância e adolescência foi de casa para a escola e da escola para a casa. Quase nunca saia, não visitava amigos e eles não me visitavam, não tive muitas das experiências que muitas pessoas têm. No começo da faculdade eu ainda mantinha esse estilo de vida, se depois de algum tempo que comecei a me permitir conhecer o mundo. 

Precisei de tempo para me politizar um pouco, ter contato com definições sobre feminismo, machismo, sobre raça, etnia, sexualidade e gênero. Todos esses assuntos que todo mundo deveria estar aprendendo e discutindo para virar alguém melhor.

Depois desse arcabouço teórico eu comecei a entender um pouco melhor minha relação familiar. E ainda assim teve coisa que eu só fui entender depois da morte da minha mãe e meu pai começar a namorar de novo e reproduzir o mesmo comportamento que tinha com a minha mãe.

Eu já me perdoei por não ter nenhum sentimento pelo meu pai. Ele não é uma boa pessoa. É dissimulado, manipulador, abusivo, violento. Ele fez o básico, a obrigação e não acho que merece uma medalha por isso. Dá mesma forma que alguém pode falar que ele me deu teto e comida e que tem muita gente que nem isso tem eu posso contra argumentar que tem gente que tem muito mais. Por quê eu tenho que me comparar com quem está por baixo?

E eu não estou falando de que ele deveria ter me dado coisas materiais, muito pelo contrário o que ele podia ter ofertado não custava um centavo: podia ter sido uma pessoa menos abusiva com minha mãe, podia ter me possibilitado um ambiente menos tóxico para eu crescer. 

Não acho que devemos servidão às pessoas só por termos o mesmo sangue. Família pode ser um trauma muito grande e ninguém precisa ficar preso a essas pessoas para sempre. Em muitos casos o melhor a se fazer é cortar relações. Tenho certeza que economizaria muita terapia.

Um outro tipo de responsabilidade

 Dia #5

No dia #3 eu falei sobre algumas responsabilidades, falei que consigo lidar bem com as responsabilidades da casa e o que me assusta é perder controle da questão financeira. Hoje eu percebi que essa responsabilidade é leve e fácil de assumir porque ela só afeta a mim mesmo. E foi por causa de algo que acabou de acontecer que eu percebi que tenho medo de um outro tipo de responsabilidade. Muito mais medo.

Meu namorado foi viajar para visitar a mãe no sul. Devido a pandemia ele não pode vê-la ano passado e ficou quase dois anos sem vê-la. Mas agora que ele tomou as duas doses da vacina, a mãe dele também, aproveitou os 15 dias de férias que vai ter e decidiu passar uma semana na casa da mãe. E por esse motivo eu fiquei responsável por cuidar do gato dele. 

A casa dele é longe pra eu ficar indo e voltando, então decidi trazer o gato aqui para casa de forma que eu consiga conciliar os cuidados com o animal e o meu trabalho. O gato é uma fofura, muito vocal, mas bem comportadinho. Assim era enquanto estava em um ambiente familiar porque assim que chegou aqui em casa ele se tornou um anima selvagem. É digno de nota informar que ele tem cerca de 6 meses e ainda não foi castrado [está programado para semana que vem] e está entrando no cio...

Tranquei ele no quarto que era do meu pai e coloquei tudo o que ele precisaria para as necessidades e diversão. Hoje a noite eu havia fechado toda a casa para poder ir dormir. Fui fazer algo no computador e quando terminei fui à cozinha beber água. E no caminho vi que, não somente a porta do quarto estava aberta como a porta da sala estava escancarada. 

O desespero bateu forte. Já corri e comecei a chamar o gato olhando por todos os cantos da casa. Cheguei a sair na rua e dar uma volta para saber se o animal havia ido pra rua. Respirei fundo e racionalizei que ele não teria saído para a rua, o vão do portão é muito pequeno para ele. Voltei para casa e fiz uma nova ronda.

Dessa vez ouvi um barulho quando estava no quintal, olhei para cima e vi o gato no telhado. Subi com ajuda de uma escada velha e totalmente instável, levei uma caixinha de petisco para fazer barulho e atraí-lo e isso funcionou a principio. O gato se aproximou e eu consegui pegá-lo. O problema foi na hora de descer... a escada totalmente instável começou a querer cair e acho que o gato começou a se incomodar comigo o segurando e começou a lutar para escapar e eu, por reflexo, o segurei com mais força. Talvez tenha doído porque ele enfiou os dentes em mim o mais fundo que conseguiu até que eu afrouxei a pegada e ele conseguiu escapar. 

Após sentir o gosto do meu sangue ele foi ao êxtase. Não  aceitou eu me aproximar, se arrepiou, rosnou. Quando ele entrou em baixo dos galhos da mangueira do quintal e eu o perdi de vista tive que recuar e pegar meu celular para usar a lanterna e percebi que devia usar uma toalha para agarrá-lo, a mão seria impossível sem receber alguns ferimentos. 

Retornei ao telhado com o aparato, mas não consegui encontrar o gato. Senti um desespero imaginando que ele havia pulado para o telhado vizinho ou no terreno baldio  do fundo. Se fosse esse o caso, eu não teria o que fazer, não seria possível ir atrás dele nesses lugares. 

Mas tive um pouco de sorte e vi que ele estava todo arrepiado se esgueirando pelo chão. Desci, precisei fazer uma caçada mas finalmente consegui pegá-lo de volta e devolver ao quarto que era onde ele deveria ter ficado o tempo todo. E dessa vez  amarrei o trinco como forma de reforço para que ele não fuja. 

Acho que ser responsável por coisa dos outros é muito mais grave do que responsabilidades pessoais. Se eu não fizer a janta eu não como, mas eu sou o único afetado com isso. Quando alguém te delega uma responsabilidade porque confia em você e algo sai fora do controle, é desesperador. E a vergonha até queima porque eu me sinto como se eu não tivesse feito questão de fazer o favor direito... dessa vez deu tudo certo e acho que vou conseguir dormir tranquilo.



sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Hoje eu não vou escrever

Dia #4
 
Tenho um compromisso hoje e pensei em postergar o texto de hoje, até porque eu não tinha a menor ideia de qual assunto abordar aqui no dia quatro. Contudo, enquanto estava tomando banho acabei lembrando que essa semana eu não abri nenhum dos meus livros... comecei a sentir aquele peso na consciência, a culpa de não ter sido produtivo. De estar ficando atrasado no meu cronograma de leitura.
 
E assim, antes do banho terminar, eu percebi que tinha um tema para trazer hoje. Gostaria de ter mais tempo para elaborar o texto e a ideia um pouco melhor, mas acho que fazendo do jeito que estou agora vou conseguir combinar forma e conteúdo. Será que Poe se orgulharia de mim por isso?
 
Nesse mundo de conectividade 24h por dia, sete dias por semana a gente sente uma pressão pra ser produtivo a todo momento. Seja no trabalho, seja comparando sua vida com a dos seus contatos e sentindo que eles estão fazendo algo ou alcançando um novo patamar na vida. Aquela angustia aperta o peito com a sensação de que estamos ficando pra trás. 

Mas a vida não é uma competição pra ver quem consegue marcar todos os quadradinhos da checklist de imposições para a vida que a sociedade nos impõe como ideal: estudar > fazer faculdade > arrumar um bom emprego > casar > ter filhos // ter um carro / ter uma casa  / ter o novo modelo do iphone... 

Eu não preciso estar sempre fazendo algo, estudando, melhorando meu currículo, assistir todas as séries, todos os lançamentos de filmes da Netflix. Eu também não preciso ler todos os dias. 

Para o bem da saúde mental é necessário termos o direito ao ócio. É importante ter tempo para fazer absolutamente nada e não se sentir culpado por isso. Vai ter dias que depois do trabalho eu vou deixar o livro quietinho ali na cama e vou  jogar Noita no computador até uma da manhã. Ou simplesmente ouvir música. No fim das contas eu estou com as coisas do trabalho em dia, o livro não é tão grande assim, eu consigo pegar firme nele depois e terminar ainda esse mês. Eu posso me desligar por uma hora, um dia, uma semana se o estresse estiver me fazendo mal e eu precisar de uma pausa.

Faça ai uma reflexão sobre como está sua vida. Talvez você precise de uma pausa. Descansar é importante. 
 
Vai lá, descansa.

Um dia adulto

DIA #3
 
Faz umas três semanas que meu pai se mudou e eu moro sozinho. Ou mais ou menos sozinho já que ele manteve a oficina aqui e vem todos os dias para trabalhar. Não costumo ficar final de semana em casa e durante a semana estou no trabalho então até agora não tive a sensação de morar sozinho. Até agora.

Hoje foi um daqueles dias que a realidade da vida de um adulto acontece. Comecei pagando o aluguel: por pix porque sou millennial, o mundo hoje é da tecnologia. Pensando agora, isso é um pouco estranho porque a chave do PIX é o telefone da dona da casa com quem eu nunca falei e nunca vi [além da foto do whatsapp] ou sequer troquei uma mensagem. 

A próxima tarefa de adulto do dia foi lavar roupa. Não tenho máquina de lavar, só tanquinho. Minha roupa é relativamente pouca e não suja muito e o processo de lavar é fácil, contudo acho que seria melhor investir numa máquina de lavar no futuro devido a praticidade de centrifugar e diminuir todo o meu  processo do trabalho pra algo quase nulo.

Não obstante, fui ao supermercado [tudo caro] e consegui manter a compra mais ou menos com a lista que eu tinha na cabeça, com a maioria dos produtos sendo verduras e legumes! O que mais me surpreendeu é que eu estava com fome e ainda assim consegui me controlar e focar no que eu tinha planejado: e olha que eu passei ao lado de várias tentações. Claro que incluí alguns itens "não essenciais" como um pote de sorvete - e me perdoo por isso porque o clima está muito quente e eu mereço algo refrescante. 

Finalizando o dia de adulto, cozinhei minha janta: um teppanyaki de frango [simplificado] com arroz primavera. Um nome muito chic para um prato extremamente simples.  Jantei a mesa com direito a jogo americano e porta-copos [patrocínio da TAG Livros] e lavei a louça depois. 

Terminei o dia sem botar fogo na casa... e foi tudo até bem simples. Tá tudo bem. Acredito que sei lidar com as responsabilidades da vida adulta, isso pra mim não é e nunca foi um problema. A questão financeira que costuma de deixar com insônia as vezes. Sei me controlar financeiramente quando preciso, posso restringir todos os meus gastos ao mais básico e essencial... só tenho medo de um imprevisto aparecer e eu não conseguir manejar. 

Então a partir de hoje vou prestar atenção nesse aspecto da minha vida e me organizar para eventuais bombas que explodirem e sobreviver - e mais do que isso: viver.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Pés molhados, banho de chuva...

DIA #2
 
O Brasil está passando pela maior crise hídrica desde 1931. Essa semana li uma matéria sobre locais em que já existe conflitos entre países por recursos hídricos. Acabo de ver no twitter a notícia de que os reservatórios do pais se aproximam do nível mínimo necessário para a produção de energia. O presente não é o dos melhores e o futuro é bem agourento e sem previsão de alguma melhora. 

Ontem tive dificuldade para dormir, o quarto estava muito quente. O ventilador estava mirado em mim e não soprava nenhuma brisa pra refrescar. O ar estava tão quente que não fazia diferença nenhuma. Levantei a uma da manhã e fui jogar água nas plantas e molhei o chão do quintal na esperança de que a evaporação ajudasse diminuir a sensação térmica de inferno. Não ajudou.

Final de semana passada o google me lembrou que fez um ano que fui à cachoeira no rancho que meu pai tinha. Foi um dia interessante. Sabe aquele dia que você não planeja nada e os eventos vão se desencadeando e você acaba em uma aventura que depois te deixa cheio de lembranças e histórias pra contar? Aquele foi um desses dias. Sinto falta de ir a um rio, pisar em areia molhada, sentir cheiro de mato. Ultimamente na cidade só tem cheiro de fumaça. 

Está tudo tão seco. 

Nenhuma previsão de chuva para os próximos dias. A primavera vai começar em breve, o que promete mais seca. Só lá para novembro e o começo do verão que a promessa de chuva retorna. E como já não faço isso a muito tempo, prometo tomar um banho de chuva quando ela voltar. Vou dar um abraço nela como se fosse uma velha amiga que não vejo a muito tempo.



quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Sete dias de escrita

DIA #1

Semana passada eu prometi no twitter escrever no blog durante sete dias seguidos. Como resultado, não escrevi um dia sequer. Gente, é sério, eu não sabia que brincar de ser adulto ia cansar tanto assim. Tem dias que eu termino o serviço e não tenho vontade nem de assistir alguma coisa, cozinhar, limpar a casa. Não faço nenhum tipo de trabalho da casa nem alguma atividade para passar o tempo. Apenas existo até dar a hora da próxima aula. 

Entretanto, não quero abandonar esse projeto de escrever sete dias seguidos. E também não quero parar por ai. Se não me engano, já abordei esse tema aqui no blog a algum tempo [quando, não sei. Dois meses atrás? No começo do ano? Ano passado? A pandemia me fez perder noção do tempo] e ele retorna. 

Escrever bem é uma questão de prática [faça uma análise da frequência que apareço por aqui e compare como escrevo pessimamente].  Quero melhorar minha escrita porque tenho intenção de escrever um livro. Talvez começar por alguns contos, como muitos escritores famosos e prolíficos recomendam. Mas eventualmente quero me aventurar em um livro. 

Leio bastante e isso me inspira e intimida no mesmo nível. Me sinto tão pequeno quando leio um bom livro, como se eu nunca fosse capaz de chegar em algo daquele nível ou elaborar algo que consiga entreter com a mesma intensidade. Terminei de ler um livro que tem uma história bastante simples, mas tocante e, um dos principais motivos de o livro ser interessante é o estilo da escrita. Personagens sarcásticos e irônicos. Linguagem que cativa, emociona, cria sensações tão fortes. Queria ser capaz de elaborar algo tão acalentador. Palavras conseguem ser tão fortes.

A propósito, depois de quase um ano, estou perto de colocar as leituras atrasadas em dia. Estou lendo dois da TAG desse mês e vou começar um atrasado de novembro do ano passado. Depois fica faltando só dois de dezembro do ano passado [e provavelmente dois novos do mês que vem]. 

Assim que colocar a leitura em dia, pretendo por outros projetos em movimento, como tentar escrever meu livro... ou contos. Até lá, vou tentar escrever aqui sete dias seguidos. Não vou ter assunto e isso não é o que importa. Talvez eu consiga falar de aleatoriedades de forma interessante.

 

 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O Mapeador de Ausências

Anos atrás eu visitei o cemitério da cidade e os antigos túmulos da entrada em sua grande maioria mostrava o ano de falecimento como sendo 1918. Eu estive pesquisando sobre a minha árvore genealógica e já sabia que esse tinha sido o ano da pandemia de Gripe Espanhola, meu bisavô havia falecido em decorrência da doença. Na época eu me perguntava como seria viver durante a pandemia que vitimou tantos [estimasse que foi cerca de cem milhões!]. Acho que a imagem que eu tinha era de pinturas e filmes sobre a Peste Negra, talvez como no filme  Nosferatu: Phantom der Nacht, com corpos pelas ruas. Hoje eu tenho uma noção de como foi, estou vivendo uma pandemia, e é menos chocante do que eu esperava. A gente se choca mais quando um grande acidente acontece de uma vez... com a pandemia os números vão se somando dia após dia. Começa pequeno a gente não dá importância. Quando os números já estão lá em cima, o cérebro humano não é capaz de processar tudo, números se tornam apenas números e não pessoas. A tragédia não consegue ser absorvida. Quando acontece um terremoto, tsunami ou um furacão devastador e toda uma cidade é destruída a gente consegue entender a tragédia porque acontece de uma vez. 

Fiz todo esse preâmbulo pra fazer uma metáfora de algo que me incomoda a quatro anos. Depois que minha mãe morreu o que me incomoda e mais me deixa triste é ver a cidade mudando.

On these streets where I played
And these trains that I take, I saw fire
But now I've seen the city change in
Oh, so many ways, since the days of fire
Since the days of fire
- Days of Fire; Nitin Sawhney

São como pequenos terremotos localizados que destroem um pouquinho do que eu conheci e fez parte da minha história. É como se aos poucos o lugar que eu cresci fossem se tornando estranho pra mim. Começou com a construção de um prédio em um local onde toda a minha vida havia sido um terreno com as vigas emergindo da terra... - lembro de uma vez que choveu muito e formou poças em meio a vegetação rasteira e o lugar ficou igual aos Pântanos Mortos de O Senhor dos Anéis

A Rua São Benedito que era cheia dos dois lados de lojas com produtos da China. Hoje em dia só resta um e uma procissão de portas fechadas com placas de "vende-se"; "aluga-se", lojas que nascem e morrem depois de um ano e, cada vez mais frequente, um terreno vazio, como um dente faltando numa boca, e que em breve vai ser preenchido por um estacionamento ou um prédio.

Durante a pandemia fiquei mais tempo em casa e não vi que a cidade continuava a sofrer pequenos furacões que iam derrubando as estruturas que eu conhecia. Esse mês uma casa aqui da esquina da minha rua havia desaparecido. Foi como se um dia a casa estivesse lá e no seguinte houvesse apenas um terreno aplainado de terra vermelha. 

O mundo não para para quem quer que seja. Reclamo que Uberaba não muda, que a população é muito provinciana e retrógrada. E hoje me dói ver o "progresso": farmácias em todas as esquinas, restaurantes de comida oriental, açaís e incontáveis lojas de capas para celular. E eu já não reconheço a cidade e os prédios que um dia testemunharam meus passeios com minha mãe agora estão enterrados na memória. 

Agora minha memória é um mapa para coisas ausentes: um sebo que visitei na infância quando fui à Feira d'Abadia. Uma bodega que vendia de tudo [na rua da escola Abadia] onde comprei um livro da Jane Austen com ovos de barata - livro que até hoje, após mais de uma década ainda não li; um brechó que parecia um labirinto cheio de todo tipo de velharia [desde eletrônicos antigos, xícaras avulsas e velas já queimadas] na Rua Arthur Machado... esse brechó é um mistério para mim e as vezes chego a pensar que ele só existiu em um sonho porque um dia estava lá, no seguinte quando voltei já não o encontrei.

A casa de meu avô foi vendida. Todas as lembranças que aquelas paredes continham agora são memórias. Só minhas. Não sei se tudo será demolido para dar lugar a um prédio moderno, mas aquele lugar não me pertence mais. 

"Minha" casa também não me pertencerá em breve. Após a venda da casa do meu avô, meu pai decidiu comprar uma pra ele e eu não devo me mudar junto. Hora de ir para um lugar novo, recomeçar mais uma vez. Um novo terremoto vai acontecer.

P.S.: Ouvi dizer que a casa do meu avô já foi demolida. No lugar vai surgir um sobrado que vai ser um varejão...


quarta-feira, 5 de maio de 2021

Agora 29

Em um ano de pandemia em que tivemos que adaptar toda a vida dentro de casa: trabalho, diversão, lazer. Não existe limites bem delimitados das atividades e resulta em dias sem limites definidos. E os dias viram semanas, que viram meses e agora é um ano.

Passou rápido, parece que foi ontem... ao mesmo tempo que parece que faz uma eternidade.  E com tantos dias iguais, é importante ter dias para comemorar, são esses dias especiais que servem de âncora, uma boia no meio do oceano pra gente se segurar. É fazer dias especiais que nos ajuda a lembrar. 

Hoje é um dia com coisas pra se lembrar. Hoje é a final do Big Brother, embora eu não assista ao programa de fato. Hoje morreu o ator comediante Paulo Gustavo aos 42 anos de idade vítima de COVID-19, embora eu não seja um fã dele e nunca tenha assistido a um filme ou série que ele protagonizou. E hoje é meu aniversário. 

Agora começa meu ano. Aquele momento de achar a motivação, uma força motora pra por em ação todos os projetos e planos que venho querendo realizar. É mais um dia. Um dia qualquer. E não é um dia qualquer. É um dia de marcar o tempo, um dia para lembrar, para fazer os outros dias não serem todos iguais. Um bom dia para recomeços. 

Em um ano de pandemia eu percebi o quão importante é celebrar os dias. Então hoje eu me permito celebrar e prometo comemorar ainda mais quando estivermos livres desses dias escuros. 




quarta-feira, 28 de abril de 2021

Daqui a pouco 29

Passando para escrever antes de eu me tornar um ano mais velho. Já é tarde e eu preciso dormir, não vai ser possível escrever com a calma que eu gostaria.

Quero tentar escrever melhor, estou planejando tentar escrever uma história, um conto ou um livro, qualquer coisa. Quero começar isso assim que eu conseguir ler os livros que estão acumulados na minha prateleira. O plano é deixar tudo em dia até o final de junho... se eu for lento, julho deve ser a data limite. E isso só para atualizar os livros da TAG, ainda tem toda uma pilha de outros livros que quero ler. Mas só de atualizar os da TAG eu já me sinto livre pra respirar novamente.

Entre os meus planos está reescrever o texto do post anterior. Com um pouco mais de propósito, fazê-lo uma leitura mais fluida, agradável e com ideias mais tangíveis e uma conclusão mais sólida. Qual quer texto, por mais que o assunto seja medíocre, tem potencial de ser uma leitura interessante se for escrito de uma forma criativa. E acredito que escrever de forma criativa é um exercício de prática e não um dom. Se você praticar bastante, vai conseguir chegar lá... escrever e reescrever até ficar bom. 

E agora falta exatamente uma semana para eu me tornar 29... e mais um ano 30. Tantos planos e parece que o tempo já passou...

Até daqui uma semana


terça-feira, 2 de março de 2021

O mundo era melhor com o Orkut

Em janeiro do ano passado a Netflix lançou o documentário O Dilema das Redes, falando sobre como as redes sociais são problemáticas e nem um pouco saudáveis hoje em dia. Na época muita gente falou sobre o documentário pra mim e, mesmo sem assistir (e até o presente momento ainda não vi) eu critiquei o comportamento negativo das pessoas em relação às redes sociais. O problema não é a rede social mas o uso que você faz dela. É você que escolhe como alimentá-la.

Meu pensamento não mudou tanto assim com relação às redes, acho que muito do poder dela vai do tanto de poder que você dá a ela. No fim das contas é você quem decide qual conteúdo e pessoas você segue, quais fotos e informações você disponibiliza. Mas...

Enquanto caminhava para o crossfit ouvindo um podcast e o palestrante falava sobre quais são suas paixões e como geralmente é difícil você dar essa resposta. Realmente. Na hora eu lembrei de As Crônicas de Nárnia e como eu era um expert no assunto a uns dez anos atrás e essa minha paixão está totalmente ligada ao Orkut. Na época eu tinha outras paixões: Johnny Hollow, Tim Burton, Imogen Heap e todas essas paixões estavam intimamente ligadas ao Orkut.

O que faz o Orkut ser diferente de outras redes sociais como Facebook ou Instagram? A resposta é muito simples: quando se fala em Orkut qual é a primeira coisa que vem à cabeça? Comunidades.

O Orkut era uma rede social que agregava pessoas com algum gosto em comum e todas as ferramentas eram focadas em fazer essas pessoas interagir, manter um diálogo. Toda comunidade tinha um tópico para você se apresentar, cada tópico era organizado de uma forma linear, fácil de ser seguido. O mais importante ali eram as comunidades, não era o seu perfil, suas fotos... posteriormente até que havia os scraps e outros detalhes para promoção do perfil, mas ainda assim o mais divertido do Orkut era a comunidade. 

 Nas comunidades havia uma interação cotidiana, você tinha uma noção de diálogo, você podia conhecer as pessoas através de convivência, de ideias. Quando aparecia uma pessoa muito discrepante era apenas um troll, uma pessoa intencionalmente querendo  causar discórdia e os membros da comunidade mesmo já isolavam essa pessoa e a vida seguia em harmonia.

Com o facebook e posteriormente o Instagram o foco mudou totalmente. No facebook os grupos não são userfriendy para manter uma discussão: é difícil achar um tópico, os comentários são mostrados por ordem de "relevância", dentro do tópico temos várias discussões paralelas acontecendo e não uma linear e as páginas e seus likes parecem ter um viés exclusivo de te oferecer um produto. 

Já no instagram a situação complica ainda mais: o principal nem são palavras, mas imagens. Não é um lugar para o diálogo, é um espelho para os narcisistas. Filtros de fácil acesso para te "embelezar" e te fazer você se sentir feio. É uma realidade individual, você posta uma foto, alguém pode postar uma mensagem, ninguém está de fato interessado em ler a mensagem. As páginas que você dá like não incentivam você a conhecer as outras pessoas que também curtem aquele assunto, não existe diálogo. O instagram te incentiva a rolar a página pra baixo infinitamente e mais nada. 

Sinto falta de um ambiente em que eu possa encontrar gente nova com gostos em comum. Cada dia perco mais o interesse pelo Facebook e Instagram.Vou tentar assistir ao documentário O Dilema das Redes essa semana e perder ainda mais meu interesse pelos produtos do Mark Zuckerberg. E continuar saudosista do Orkut. 

Já falei que em 2009/2010 eu escrevia todos os dias no Myspace?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

E mais um ano começa

E aos poucos o ano vai começando. Aos poucos nada, começa na velocidade de sempre, eu que ainda não acelerei no mesmo ritmo. 

Senti como se o mês de janeiro tivesse durado três meses. Comecei o crossfit e fazer algo totalmente fora da rotina me deu a sensação de que o tempo se alongou e não era só mais um dia depois do outro e isso foi incrível e com todo esse tempo de sobre consegui ler sete livros, diminuindo a pilha de leituras atrasadas. 

Nessa semana o trabalho voltou, atrapalhando o ritmo que eu estava. Apesar de hoje ser o terceiro dia de trabalho, a sensação é de que nem tive férias. Olhando meu cronograma de turmas aqui na parede com apenas sete turmas não parece tão cansativo assim, contudo, as turmas estão distribuídas durante o dia de uma forma que deixa o dia quebrado e improdutivo. Entre uma turma e outra fica difícil de adicionar alguma atividade de forma plena. Sem contar as aulas que aparecem inesperadamente (monitorias, aulas experimentais) e desmancham o que eu havia planejado fazer. 

Entretanto, isso não vai me desanimar. Segunda, quarta e sexta estou com os dias mais livres e vou tentar aproveitar ao máximo. Ainda tenho muitos livros para ler e essa é minha prioridade (e fazer o crossfit o máximo de dias possíveis).

Um novo habito que estou desenvolvendo é o de ouvir podcasts enquanto caminho para o crossfit. É uma caminhada de quase 40 minutos na ida e na volta, mais de uma hora no total, então é bastante tempo para aproveitar. Tenho ouvido os podcasts da TAG sobre os livros que li. Me ajuda a ter uma compreensão maior sobre a obra, ter uma outra visão, outro ponto de vista e refletir sobre diversos tópicos. 

Agora é acelerar o ritmo do ano...




"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."