Eu juro

Ontem foi minha colação de grau e agora estou oficialmente formado. A cerimônia foi menos traumática do que imaginei. Não fiquei tão ruim de beca como havia imaginado e nem fiquei tão nervoso de ter muita gente olhando pra mim.

Fui o primeiro a chegar, o primeiro a por a beca e por chegar cedo tive tempo de me acalmar e fazertudo de vagar. A pior parte foi os fotógrafos meio que me obrigando a ser fotografado mesmo mediante meus protestos de não querer. A hora de entrar foi rápido e depois passei as duas horas seguintes sentado.

A beca esquenta. A luz dos holofotes esquentem mais ainda, dói as vistas e não te deixa ver a plateia (o que é bom). A cadeira era desconfortável e fiquei com uma baita dor na coluna. A maioria faltou no ensaio e na hora fizeram um monte de coisa errada, atrasando o evento. 

Os discursos eram intermináveis. Principalmente o último, em homenagem aos pais. O desgaste físico fez ele ficar ainda mais longo e toda vez que parecia que a menina ia terminar, ela recomeçava. O discurso aos amigos vai até legal (mas longo!) e a oradora falou de cada um e atribuiu uma medalha de acordo com nossas características. Eu ganhei a medalha "Ironia Aguda". Gostei. No discurso da professora que era a paraninfa da turma, fui mencionado três vezes: sobre ser monitor nos eventos, sobre fazer café e sobre uma dúvida que tive em uma prova e que ela nunca chegou a me responder. A amizade com os professores é uma das coisas que mais sinto falta agora que terminei a faculdade.

No fim eu já estava cansado, com dor e com fome. Mas estava formado. Estou pronto pra próxima etapa da minha vida.

Fora isso, a vida anda meio parada. Fiz meu currículo e ainda não distribui, achei que ia fazer isso hoje e acabei enrolando. Pretendo criar vergonha na cara e começar a fazer isso amanhã. Também preciso começar a pesquisar sobre mestrado... ver data de provas, matérias pra estudar, essas coisas.

E ando feliz com meu progresso na minha jornada para aprender Alemão. Estou me dedicando cada dia mais e já começo a notar alguns pequenos avanços. Estou tentando fazer uma imersão. Por enquanto faço as atividades do aplicativo e do site Duolingo, estou assistindo alguns filmes e descobri várias bandas legais. Em breve começo a fazer as atividades do livrinho que comprei a muito tempo atrás, vou tentar ler O Pequeno Príncipe em Alemão e pretendo comprar uns outros livros de ensino de alemão. Se tudo der certo, ao final do ano vou viajar pra Alemanha. Depois volto a falar sobre esse assunto.

Agora falta uma palavra.

Decidi que escrever um post por dia como eu queria fazer não ia dar certo. Mas certamente vou continuar escrevendo com certa frequência aqui no blog, mas sem muita pressão. Talvez uma entrada por semana ou a cada vez que alguma coisa interessante acontecer. 

Semana passada aconteceu algo e eu acabei procrastinando para vir escrever. Antes tarde do que nunca, dizem. 

Estava olhando os posts em um grupo de American Horror Story e alguém havia perguntado alguma coisa sobre o final da segunda temporada, dizendo que não tinha compreendido direito e se alguém poderia explicar pra ele. O que se seguiu me deixou um tanto perplexo: todo mundo postando imagens, "memes", sem conexão alguma com o que foi perguntado, sem acrescentar nada... 

Na hora acabei me lembrando de uma coisa que o Saramago disse em uma entrevista. José Saramago, autor português conhecido pelo livro Ensaio Sobre a Cegueira (acho que essa ficou mais famosa por causa do filme), tem sua escrita marcada por períodos longos que fazem o leitor até se perder no que estava sendo dito. Na entrevista ele comenta sobre a concisão dos textos da internet e sobre o twitter:

O senhor acompanha o fenômeno do Twitter? Acredita que a concisão de se expressar em 140 caracteres tem algum valor? Já pensou em abrir uma conta no site? 

SARAMAGO: Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido.  FONTE

 Acho que esses "memes" são a consolidação da previsão que Saramago fez lá em 2009. O dito popular afirma que uma imagem vale mais que mil palavras. Agora parece que a imagem é só falta de palavras mesmo. Incapacidade de escrever, elaborar uma ideia, dialogar. 

Aceitei alguns de meus alunos no facebook e percebi isso mais uma vez. Uma aluna me chamava a cada duas horas: "Oi, o que conta de bom?" (lógico que não usando esse português...). Sim, a cada duas horas, a mesma pergunta. Pra mim isso é um exemplo claro de que a pessoa não tem o que dizer, fica no Facebook olhando para a tela em estado vegetativo esperando alguma atualização que não vem.

 Felizmente, eu me cerco de gente que não é tão limitado assim. Inclusive essa semana tive uma conversa bem agradável com um amigo. E é sempre uma delícia conversar com a Janine, entre outros. Ainda há esperança.