sábado, 13 de julho de 2013

I'm just a stranger!


Lunatics -  Odd Nerdrum, 2000

Já vinha cortando meu cabelo no estilo undercut há algum tempo. Dá última vez que fui ao cabeleireiro, decidi ser um pouco mais radical e passar a máquina zero nas laterais. Eu adorei. Especialmente porque esse tipo de corte alonga meu rosto, que é muito redondo.

Na faculdade muitos elogiaram o novo penteado, muitos criticaram. Curiosamente essa semana algumas cabecinhas do meu curso começaram a aparecer com o tal undercut... inclusive os que disseram que era feio.

Mas enfim, não é bem sobre isso que quero falar aqui hoje. Depois do estágio em Língua Portuguesa no ensino médio, comecei o estágio de Língua Inglesa no ensino fundamental. Um ano longe dos projetos de gente e muita coisa mudou neles... principalmente o visual. Parece até uniforme: todos com o mesmo sapato, camiseta, bermuda e o boné de aba reta.

Hoje em dia as pessoas algumas pessoas tentam tanto parecer diferentes que acabam ficando iguais... É lógico que a vestimenta é parte importante na identificação de um grupo social e o indivíduo se vê obrigado a se adequar ao estilo do grupo para se ver incluído.

As pessoas adoram etiquetar os outros: os nerds, os emos, os geeks, os góticos, os funkeiros... e um grupo não gosta do outro. Isso é uma regra de sobrevivência na savana da sociedade: você se etiqueta (ou é etiquetado), se encaixa no grupo e não pode gostar do que pertence ao outro grupo. Normal. É no outro que você se identifica.

Nos estilos musicais, por exemplo, não tenho nada contra quem gosta de funk, não tenho nada contra quem gosta de rock... mas tenho tudo contra quem gosta SÓ de funk, SÓ de rock. Não gosto de quem se limita e se simplifica. O ser humano é uma criatura muito complexa e a pessoa que se põe barreiras é, no mínimo, estúpida.

Funk não é meu estilo musical favorito. Não tenho um mp3 sequer no meu computador com esse estilo, mas sei que esse som pode animar uma festa, divertir os amigos. Posso ouvir uma música ou outra sem querer quebrar o rádio. Da mesma forma, gosto de rock, pop, jazz, clássico, house, lambada. Não gosto de todas as músicas de todos os gêneros, mas sempre tem uma que pode me agradar. A propósito, pra mim quem diz que gosta de TUDO é quem, na verdade, não sabe o que quer.

Não entendo porque as pessoas precisam se etiquetar. Sempre gostei do diferente e por isso acabei sendo etiquetado de "do contra". Mas pra mim o diferente sempre chamou mais a atenção. O Comum é conhecido por todos, não tem mais nada a oferecer. Mas o diferente tem algo de misterioso, algo pra ser desvendado...

E assim fui colecionando aqueles mistérios das coisas diferentes na esperança de que eu mesmo me tornasse uma coisa diferente e cheia de mistérios. Hoje em dia as pessoas são tão rasas. Assistem os mesmos programas de tv, os mesmos filmes, só conhecem (e superficialmente) aquilo que veem em alguma postagem no facebook. São incrivelmente chatas... ninguém mais tem curiosidade, paixão, interesse e dedicação.

Enfim, isso foi só um desabafo. A sociedade tem medo do diferente... ainda bem que eu aprendi a não ligar para o que os outros pensam.

Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ... 

 - Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."