quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Agora falta uma palavra.

Decidi que escrever um post por dia como eu queria fazer não ia dar certo. Mas certamente vou continuar escrevendo com certa frequência aqui no blog, mas sem muita pressão. Talvez uma entrada por semana ou a cada vez que alguma coisa interessante acontecer. 

Semana passada aconteceu algo e eu acabei procrastinando para vir escrever. Antes tarde do que nunca, dizem. 

Estava olhando os posts em um grupo de American Horror Story e alguém havia perguntado alguma coisa sobre o final da segunda temporada, dizendo que não tinha compreendido direito e se alguém poderia explicar pra ele. O que se seguiu me deixou um tanto perplexo: todo mundo postando imagens, "memes", sem conexão alguma com o que foi perguntado, sem acrescentar nada... 

Na hora acabei me lembrando de uma coisa que o Saramago disse em uma entrevista. José Saramago, autor português conhecido pelo livro Ensaio Sobre a Cegueira (acho que essa ficou mais famosa por causa do filme), tem sua escrita marcada por períodos longos que fazem o leitor até se perder no que estava sendo dito. Na entrevista ele comenta sobre a concisão dos textos da internet e sobre o twitter:

O senhor acompanha o fenômeno do Twitter? Acredita que a concisão de se expressar em 140 caracteres tem algum valor? Já pensou em abrir uma conta no site? 

SARAMAGO: Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido.  FONTE
 Acho que esses "memes" são a consolidação da previsão que Saramago fez lá em 2009. O dito popular afirma que uma imagem vale mais que mil palavras. Agora parece que a imagem é só falta de palavras mesmo. Incapacidade de escrever, elaborar uma ideia, dialogar. 

Aceitei alguns de meus alunos no facebook e percebi isso mais uma vez. Uma aluna me chamava a cada duas horas: "Oi, o que conta de bom?" (lógico que não usando esse português...). Sim, a cada duas horas, a mesma pergunta. Pra mim isso é um exemplo claro de que a pessoa não tem o que dizer, fica no Facebook olhando para a tela em estado vegetativo esperando alguma atualização que não vem.

 Felizmente, eu me cerco de gente que não é tão limitado assim. Inclusive essa semana tive uma conversa bem agradável com um amigo. E é sempre uma delícia conversar com a Janine, entre outros. Ainda há esperança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."