segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Moral Divina x Senso Comum

Escrevi esse texto em resposta a um assunto que começou no twitter com meu amigo Abner (que não atualiza o Abeu Nescado a anos). Achei interessante discutir o assunto mas em 140 caracteres qualquer ponto de vista fica cego. Aqui está um pedado do início do acontecido (@liftyoureyesup é o Rodolpho, era um assunto que eles estavam discutindo quando eu meti a colher de pau no meio :B).
@Abeu_Nescado Claro. Mas eu sigo as regras do meu país. Por exemplo, eu não vou roubar porque sei que vou preso.
@liftyoureyesup Tu não vai roubar, não porque tu vai preso. Tu não vai roubar porque tu é cristão. Entendeu agora?
@Abeu_Nescado Na Grecia antiga não tinham cristãos e nem por isso eles roubavam...
@salembr Eu falei isso? Não. Exatamento o contrário! Que quando nascemos já recebemos a moral divina de Deus (não matar, não roubar, etc.) 
@salembr Para um ateu. O que faz com que ele não mate alguém? O que faz com que ele não saia loucamente comentendo atrocidades se ele não acredita que ninguém irá julgá-lo pelos seus atos no final de tudo? A moral divina!

Antigamente, nos primórdios, lá na época dos Homens das Cavernas, o Ser Humano ainda não tinha o domínio sobre a agricultura e sua alimentação se baseava em carne de animais, ele precisava de caçar.

Naquela época nos temos animais como o mamute, com seus cinco metros de altura e suas 13 toneladas e que para um Homem caçar era o mesmo que ir a lua: impossível. Ai o Homem, com toda sua sapiencia, percebeu que se ele trabalhasse em conjunto, assim como os animais predadores faziam, ele teria chance de abater aquele animal enorme para poder usufruir de sua carne, pele e o que mais pudesse aproveitar da criatura.

Assim começaram a formar grupos. Não apenas para caçar, mas também para protegerem-se dos predadores. Para eles, cada elemento do grupo era importante, já que quanto mais pessoas houvessem maior seriam as chances de abater a caça e não virar janta de um Smilodon (aka Tigre-dentes-de-sabre). Assim começaram a preservar-se uns aos outros.

Enquanto uma tribo preservava seus indivíduos o mesmo nem sempre acontecia quando ocorria interação com outras tribos. Estes podiam ser vistos como rivais com os quais deveriam lutar pela comida, por moradia... Naquela época eles não tinham discernimento de "certo" e "errado" mas entendiam que perder um de seu grupo resultaria em maior dificuldade no cotidiano e que matar um da tribo inimiga significaria benefícios para si próprio. Era o instinto de sobrevivência.

Esse comportamento não é exclusivo do Homem pré-histórico, muito pelo contrário. Vamos avançar no tempo um pouco, indo parar lá na Hélade (popularmente conhecida como Grécia Antiga). A civilização grega surgiu ali, espalhados pelo Mediterrâneo, em pequenas pólis, distantes umas das outras. Para eles eram importantes preservar seus cidadãos para compor os exércitos, já que suas cidades eram pequenas e suscetíveis às invasões bárbaras - uma dessas serviu de inspiração para a HQ e posteriormente o filme "300".

A organização social no ínicio da Grécia era o Genos. Onde era importante ter grandes famílias para cultivar a terra. Mais uma vez vemos que preservar os membros de uma sociedade é devido isso trazer beneficios para os indíviduos dela. Estes foram só alguns exemplos, se formos olhar para o inicio de todas civilizações do mundo encontraremos o mesmo ou um semelhante padrão de comportamento.

A partir desse princípio de sociedade surge o Senso Comum de que matar um membro do grupo é errado (traz prejuísos) e o infrator deve ser punido para reparar o dano causado e aprender a não reincidir o delito (causar mais prejuíso).

Na verdade, um ateu não mata uma pessoa é por causa do Senso Comum que já está estabelecido na sociedade. Não tem nenhuma "Moral Divina" nisso. É um preceito que está enraizado na cultura moderna.

 
Moral Divina = Divina Providência = Fatalismo?

10 comentários:

  1. Pois é amigo, tudo está no início do teu texto. Eu não acredito em pré-história. Claro, tua explicação é válida e faz muito sentido. Mas eu creio em um homem que foi criado por Deus há 6 mil/8 mil anos, com a mesma ou mais inteligência do que o homem atual que era instruído por Deus no Jardim do Éden. E daí já passamos para aquela palavrinha: fé.
    Mas muito legal o texto.

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  2. E eu já não posto no Abeu Nescado porque não sei nem que desculpa dar lá pra voltar. E eu odeio introduções! :P

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  3. Pinturas rupestres e ferramentes rudmentares estão ai para provar a pré-história.

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  4. Então foram feitos por extraterrestres com péssimas noções de arte.

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  5. Foram feitos por crianças, e pessoas normais que gostam de homens-palito. Não fazemos eles até hoje? Somos pré-históricos por causa disso?

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  6. Sim, mas hoje em dia alguém caça mamute e dentes-de-sabre com lanças?

    Qual seria a função de crianças desenharem naquela época? Hoje em dia incentivamos nossas crianças a desenvolver cordenação motora e tudo e tal, mas antigamente isso não era prioridade.

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  7. Acho que tu não conhece o mundo.
    Hoje não são mamutes e dentes-de-saber mas são outros animais.
    Além de comer, não fazem muito diferente os que caçam por dinheiro.

    Crianças desenham porque gostam de desenhar muito antes de se saber o que era coordenação motora.

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  8. Minha opinião sobre o assunto:
    O Senso Moral está registrado em nós, faz parte de nossa condição humana, foi estabelecido e organizado consequentemente à nossa necessidade de viver em grupo. Se era macaco ou andava de tanguinha no Jardim, essa consciência existiu antes da Religião. Um teísta que não consegue separar isso, relacionando obrigatoriamente esses valores às suas crenças, é porque a sua figura de divindade não pássa da de um policial. Onde não tem xerife então não existe lei?

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  9. Depende do que tu entende por religião. Se for um sistema, sim, a Lei Natural veio antes dela, mas se tu estás relacionando religião diretamente com Deus, não. Deus nos fez imagem e semelhança dEle, isso é, temos a essência da moral de Deus em nós.

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."