terça-feira, 7 de agosto de 2012

Get up on that horse and ride into the sunset. Look back with no remorse.

Where do we belong, where did we go wrong
If there's nothing here, why are we still here?

It's another time, it's another day
Numbers they are new, but it's all the same
Running from yourself, it will never change
If you try you could die


 Passando no blog da Janine me deparei com um tema que deixou um germezinho no meu cérebro e que começou a me incomodar durante a madrugada. Esse germezinho me fez olhar para trás e ver o que já fiz na vida... e sabe, não gostei do que vi.

Ontem eu havia acabado de entrar na maioridade, acordei hoje já tinha 19, pisquei os olhos rapidamente e já havia 20 anos pesando nas minhas costas e me deixando corcunda. E nesse tempo todo vi que não havia construído muitas coisas. Meus primeiros 17 anos de vida não foram vividos, foram vegetados e os anos que se seguiram fiquei tropeçando sem ir muito longe.

Não queria fazer aquelas loucuras da adolescência - na verdade, em termos, até que queria. Queria ter tido aquele pensamento dos jovens de que eles não vão morrer nunca ao invés de ter desejar todo dia antes de dormir estar morto pela manhã. Queria ter me arriscado mais, cometido um pouquinho mais de erros numa época em que podia culpar minha inexperiência. 

O sonho de todo mundo é voltar ao passado com a mentalidade do presente... o meu não é diferente. Queria ter feito tanta coisa, queria ter seguido outros caminhos, queria ter evitado vários erros, queria refazer e consertar muitas coisas. Queria - mas não posso. Agora tenho que conviver com essa culpa de tempo desperdiçado.


Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.


Esse germezinho que me fez olhar pra trás também me fez olhar para o agora. E também não gostei do que vi. Em uma escala um pouco diferente, mas minha situação atual não mudou. Percebi que continuo vegetando ao invés de vivendo. Consegui me livrar de muitas das amarras que me prendiam e a corrente da coleira vai um pouco mais longe agora. Ainda assim tem algo que me prende e não deixa ser tudo o que posso ser. Me sinto uma borboleta espetada por um alfinete tentando voar: posso mexer as asas mas não vou a lugar algum.

Don't you know how to fly?
Um outro dia, um outro lugar e um outro germezinho. Janine novamente fazendo minhas velhas engrenagens enferrujadas trabalharem. Um simples comentários sem pretensão alguma sobre sonhos e o mundo parava por um segundo enquanto tinha uma epifania.

Sim, sonhos. Aonde foram se esconder? Pois já nem lembro a última vez que tive um... nunca mais nadei no ar, nunca mais vi aquelas incríveis criaturas de porte colossal, não me desesperei enquanto fugia daqueles zumbis, nunca mais percorri aqueles labirintos, nem voei numa vassoura com a brisa fresca da noite no meu rosto - um sonho tão comum após assistir Abracadabra. Nunca mais sonhei. É só esse monótono fechar os olhos a noite e abrí-los pela manhã. Nenhuma aventura num lugar só meu. Apenas esse hiato de escuridão.

Acho que a parte criança que existe em mim adormeceu. A entorpeci com toda estaticidade da minha vida. Estou sentindo falta de algo inesperado, algo emocionante, algo que não vem... quero andar na chuva mais uma vez. Quero construir, rabiscar, colorir, pintar, misturar cores numa paleta e me sujar. É, quero me sujar muito. Lama, tinta, cola, lodo, barro. Quero sentir texturas e cheiros. Quero algo novo, quero subir numa árvore, quero entrar numa casa abandonada, quero pular um muro, quero ver nuvens e estrelas, quero brincar de esconde-esconde, quero entrar no chuveiro quente com roupa e tudo no escuro com a luz da lua entrando pela janelinha e ficar lá embaixo até que meu pensamento mais importante seja a beleza sutil do silêncio interrompido só pelos pingos d'água. Quero passear por uma mata fechada, quero olhar o longe através do vidro da janela do banco de trás do carro a noite enquanto a paisagem vai passando e tudo é sombra e mistério, quero dançar no escuro, quero ouvir o apito daquele trem noturno e os sinos da igreja badalando longíquos às seis da manhã, quero andar na rua de manhãzinha quando ainda está frio e escuro e a cidade vai aos poucos acordando. Por que parei de fazer tudo isso? Por que não faço mais tudo isso?

I'm throwing the childhood scenes away
I'm through ripping myself off
I'm done ripping myself off

Well I'm child and man and child again
The toy broken boy soldier


Quero tirar esse alfinete invisível que me atravessa e me deixa preso num lugar, só que não sei como. Por mais que tento fico andando em círculos sem ir a lugar algum. E já estou cansando disso. Preciso de uma emoção. Já sou um cadáver adiado, será que consigo ser uma criança adiada também? Quero deixar essa insegurança para trás de uma vez por todas. Chegou o momento de dar um passo para trás, observar de longe, ter uma nova perspectiva da situação e agir para fazer diferente.

As vezes me dá vontade de ir caminhando até onde eu conseguir. De deixar tudo para trás e tentar um recomeço em algum lugar distante. Lá no ensino fundamental já tinha o Plano B de ir viver na praia vendendo água de coco e algodão-doce na pracinha. Sem muitas ambições e sem ancoras. Pois saibam que onde tenho minhas raízes profundas, posso levantar meus braços e minhas raízes partirão em busca de um outro litoral. Amanhã posso não estar aqui.

I'll never know what I'm capable of
If I don't go where I'm scared to be lost


His tears have turned to poppies...

3 comentários:

  1. O que eu percebi que falta para o grande Lauro que mora dentro de você, é, além do sonho, a liberdade. Eu percebi isso quando saí da casa dos meus pais, e mesmo que eles ainda continuem me sustentando, você tem a liberdade de escolher entre comprar legume ou leite condensado, entre ir à aula ou ficar vendo novela.

    Essas pequenas liberdades vão crescendo, e te fazendo enxergar um mundo maior que você nem sabia que podia alcançar, e daí os sonhos nascem e crescem.
    Planeje coisas despretensiosamente. Imagine coisas impossíveis, e olhe para as coisas que já conseguiu.
    E o principal, que eu não percebi em você, ainda bem, é: nunca tenha pena de si mesmo, pois isso é o primeiro passo para você criar limites e desculpas para não fazer nada.
    Para a lista das 3 coisas coloque: um sonho de curto prazo (1 ano), um sonho de médio prazo (5 anos) e um de longo prazo (10 anos).

    Abraços e boa noite!!!

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    1. Acabei de fazer minha lista de sonhos... o de longo prazo acho que foi o mais difícil de pensar.

      Agora é mão na massa.

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  2. Não vale a pena se arrepender por certas coisas que não foram vividas. As vezes, foi o melhor para nós. Como disse no blog, gostaria de ter sido um pouco mais confiante, sair um pouco mais e conhecer mais pessoas. Mas o jeito que vivi, me tornou o que sou hoje...

    Não gosto totalmente do que sou hoje, porém acredito ser excelente já estar ao menos enxergando isso. Não estou acomodada, ñ estou achando bom. Sei que devo melhorar e tentarei isso. Pelo visto vc tbm está enxergando os seus erros e vendo no que pode melhorar. O pior seria errar e nunca se dar conta dos próprios erros ou não aprender com eles... Só é bom não deixar nada pra amanhã, o que pode ser feito hoje, deve ser feito hoje (estou aprendendo isso de forma lenta, mas aprendendo...)

    O legal do curso de psicologia é isso, me faz pensar em mtas coisas da vida.

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."