sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Swallow my bullet!

Hell-o. Hora de atualizar sobre os acontecimentos. Vamos lá: meu roteador desconfigurou deixando a internet disponível apenas no desktop - que é tipo um Computador do Milhão que funciona a manivela movida por dois hamsters: um está com artrite e outro com osteoporose e labirintite. Quem sabe resolver esse problema é meu primo e como basicamente ele só é convidado a vir aqui em casa quando há algum problema informático para ser resolvido - fiquei sem jeito de chamá-lo mais uma vez, principalmente porque estou devendo visitas a ele e a mãe. Assim sendo, as atualizações dos meus blogs estão comprometidas por tempo indeterminado.

Essa tragédia tem alguns aspectos positivos: o tempo que desperdiçava navegando pela internet (que era a maior parte do dia e da noite) passei a empregar em outras atividades. Assisti a uma porção de filmes e séries e voltei a ler. Não lia de verdade mesmo desde o começo do semestre passado (ou seja, no começo do ano) e a voz do C.S. Lewis ecoou na minha cabeça me dizendo o motivo por essa falta de interesse pela leitura: "eu estou pensando naqueles estudiosos desafortunados de universidades estrangeiras que não podem 'manter seu emprego' a menos que publiquem repetidamente artigos que devem dizer ou pareçam dizer, algo de novo sobre algum texto literário [...] Para pessoas assim, ler torna-se, com frequência, mero trabalho."



Assim que começa o semestre e os professores passam aquela lista de livros a serem lidos, ler torna-se massante. Ler por obrigação tira toda a beleza da coisa, e muitos livros excelentes caem no nosso conceito devido a leitura forçada. Um exemplo disso foi Os Lusíadas: quando o professor pediu para ler, comecei e parei porque não estava dando prazer. E então, nas férias, tirei a obra prima de Camões da prateleira e recomecei a ler e então foi só alegria, em menos de uma semana todos os oito mil oitocentos e dezesseis versos já estavam lidos.

O livro que dessa vez foi devorado é o diário da mártir do holocausto, Anne Frank. O Diário de Anne Frank é a coletânea de relatos da adolescente de 13 anos que, durante a perseguição dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, viveu escondida por dois anos num anexo de uma fábrica com mais sete pessoas. Em seu diário ele escreveu seus pensamentos, descreveu como era a vida de privações no esconderijo, o difícil convívio com as outras pessoas, a péssima relação com a mãe, a passagem pela puberdade, o descobrimento da sexualidade, os sonhos e projetos para o futuro.

Me apaixonei pelos relatos da garota e me identifiquei muito com ela. Claro que minha situação não se compara com a dela (que, infelizmente, foi capturada pelos nazistas e morreu no campo de concentração pouco antes de completar 16 anos), ainda assim temos muito em comum.

Tanto ela como eu passamos muito tempo presos, ela no esconderijo e eu dentro de uma gaiola de vidro. Esse tempo de isolamento nos fez olharmos para nós mesmos e enxergarmos nossos defeitos, qualidades, refletir sobre o nosso comportamento. Assim como ela, existem dois dentro de mim: o que eu deixo as pessoas verem e o que sou de verdade quando estou sozinho. Enfim, temos muitos pontos de contado e fiquei fascinado pela vida de Anne, estou baixando dois filmes biográficos que encenam os anos no Anexo.

Nesses momentos, não penso na infelicidade e, sim, na beleza que permanece. É nisso que eu e mamãe somos muito diferentes. Seu conselho diante da melancolia é: 'pense em todo o sofrimento que há no mundo e agradeça por não fazer parte dele.' Meu conselho é:'saia, vá para o campo, aproveite o sol e tudo que a natureza tem para oferecer. Saia e tente recapturar a felicidade que há dentro de você; pense na beleza que há em você e em tudo a seu redor, e seja feliz

Não acho que o conselho de mamãe possa ser bom, porque o que você deveria fazer caso participasse do sofrimento? Ficaria totalmente perdida. Pelo contrário, a beleza continua a existir, mesmo na desgraça. Se a procura, você você descobrirá cada vez mais felicidade, e recuperará o equilíbrio. Uma pessoa feliz as outras felizes; uma pessoa com coragem e fé nunca morrerá na desgraça!"

Comecei a marcar algumas passagens do diário só quando já havia passado da metade do livro, depois pretendo relê-lo e registrar alguns momentos memoráveis. O livro também me mostrou como é saudável manter um diário (ou um blog!). Claro que em um blog público você se expõe muito, já no diário você fica livre para escrever sobre coisas muito mais pessoais. A própria Anne, logo no começo, escreve sobre os sinais de que sua primeira menstruação está por vir e, dois anos depois, retorna a ler a passagem e adiciona um comentário sobre como ela era aberta com coisas tão pessoais no começo... Um registro revisitado algum tempo depois serve de unidade de medida para averiguar nosso crescimento, comparar momentos, relembrar fatos, marcar a evolução do pensamento entre diversas outras coisas. Fiquei com mais vontade de escrever aqui e escrever cartas. Recomendo a leitura de O Diário de Anne Frank, com tão pouca idade ela escrevia tão bem.

Decidi traçar um plano de leitura. O próximo livro vai ser Contos do Esconderijo, também da Anne. É uma compilação de fábulas, contos e ensaios escritos por ela durante os dois anos no Anexo. Depois lerei O Diário de um Mago, do Paulo Coelho e, então, O Iluminado - presente da Janine.

Falei sobre ter assistido filmes e séries. Vou comentar sobre alguns: Battle for Los Angeles - muita explosão, muita destruição, muito CG, muito patriotismo americano, Michelle Rodrigues fazendo Mulher-Macho-Sim-Sinhô; Buried - claustrofóbico, agoniante, muito criativo. Com um ator dentro de um caixão o filme se sustenta por uma hora e meia sem ficar monótono; The Raven - é bem feito, mas desnecessário. O vilão sempre foge a cena do crime mesmo com com cinquenta pessoas o perseguindo e atirando; Battleship - é tipo Battle for Los Angeles: alienígenas querendo dominar nosso mundo, muita explosão, muito CG, o Eric de True Blood e o John Carter, também tem a Rihanna dizendo "yes, sir" e "no, sir" (e meu conhecido elogiou a atuação dela); The Hunger Games - não engoli a motivação da história, talvez o livro explique melhor. O maior problema foi tentarem contar uma história que gira em torno de um jogo que consiste em um participante matando o outro e tratá-la para se adequar ao público adolescente. Se o filme fosse para maiores de 18 anos teria sido muito mais interessante, embora eu tenha gostado da cenografia.

*Pausa para respirar* Mangue Negro - produção nacional, baixo orçamento, e ainda assim muito bom. Tem uma história original, algumas piadinhas muito bem colocadas, uma atuação não tão ruim... é tipo um George Romero em início de carreira; Eram os Deuses Astronautas? - um documentário muito pretensioso. O argumento é fraco, é mais ou menos assim: "as piramides foram feitas com pedras muito pesadas, não sabemos como elas foram transportadas. Logo, é trabalho de alienígena". Comentei com meu amigo e ele me passou um outro documentário sobre os mistérios do Egito e lá havia muitas respostas para o que o outro documentário alegava ser trabalho de homenzinhos verdes. Eternal Sunshine Of The Spotless Mind - depois de ouvir muito falar sobre o filme, fui buscá-lo. Muito bom, tanto em história como em direção... fiquei com invejinha de não ser eu o diretor. Uma vez o filme estava passando na tv, peguei pela metade e não estava entendendo nada e por isso parei de ver.

*Pausa para respirar novamente (a.k.a mudando o parágrafo para ficar mais fácil de acompanhar)* Love is the Devil - uma cinebiografia do pintor Francis Bacon (aquele que serviu de inspiração para Silent Hill), tem a Tilda Swinton (irreconhecível!), tem o nu frontal do Daniel Crag (o James Bond), e foca no relacionamento do Francis com o namorado/amante/peguete (interpretado pela Crag) terminando com o suicídio do cara. É um filme muito bom, não mostra as pinturas, ao invés a fotografia tenta imitar o estilo do pintos sempre mostrando as cenas distorcidas pelo vidro de copos, reflexos de outros objetos e coisas do tipo. Não sabia que Francis Bacon era uma bichona que gostava de bondage e ficava pedindo pro amante batar nele, queimar com cigarro, mijar... ele era um artista bem visceral.

Assisti as duas temporadas de Sherlock - muito bom, principalmente para quem é chegado em história policiais, achei uma atualização bem interessante do personagem. Reassisti as duas temporadas de The Oglongs - um desenho tão bom com tantas críticas sociais e tão engraçado, é uma pena o show ter sido cancelado; Também assisti a quinta, sexta e sétima temporada de Family Guy, quero tentar ficar atualizado nela e em Futurama para depois ficar livre para as novas temporadas das séries que retornam agora (The Walking Dead, American Horror Story, Misfits...); Hoje assistir The Avenger. Acho que super-heróis em geral não são para mim. O filme é bem feito, mas não entra na minha lista de preferidos - ele tem aquela estrutura de A Jornada do Herói, sem nenhum momento de reviravolta, é mais plano que piso de mármore. Tem bastante violência e nenhum sangue (!!!), falaram tanto do Hulk e não achei ele nada de mais (como personagem), embora não possa negar na qualidade técnica dele: um CG muito bem feitinho, pela primeira vez ele está orgânico. Tem boas proporções, uma textura legal (acho que é o primeiro filme que colocaram detalhes como pelos no peito), a pele se movimenta... avanços tecnológicos. Mas o personagem em si não tem nada de mais, na minha opinião.

Como já disse, estou baixando dois filmes sobre Anne Frank, também pretendo começar a assistir a oitava temporada de Family Guy, Blade Runner, Of Mice and Men, Leon - The Professional, The Battleship Potemkin (aparece no filme do Francis Bacon e foi uma das inspirações dele), tenho Amelie Poulain e The Social Network em algum CD e outros filmes que a Janine me passou e ainda não tive tempo de assistir.

espero que a greve dure mais um tempo. As atividades do PIBID já retornaram e o curso de inglês só não começou porque a nova professora ainda não está disponível para assumir o cargo.

Acho que já escrevi o suficiente. Mesmo com o problema da internet tentarei atualizar mais vezes.

3 comentários:

  1. Foi a primeira pessoa que me fez interessar pelo livro da Anne Frank. Irei ler assim que puder.

    Não achei The Avengers grande coisa. É bem feito e tal, mas é só mais do mesmo. Apenas me surpreendi com o Hulk pq achei que ele seria o personagem mais chato (o que tem demais num homem verde?) e até que conseguiram deixá-lo mais interessante.

    Acho que já te falei, mas assista Battle Royale (obra que provavelmente a autora dos Jogos Vorazes copiou, mas diz que não fez isso e mtos fãs bobos acreditam...aham). É japonês, mas é legal. Ao contrário desse, é para maiores de 18 anos, tem sangue para todos os lados...é mais terror mesmo.

    E lembrando que provavelmente a mulé macha da Michelle Rodrigues morre no Batalha de Los Angeles tbm,tendo em vista que eles voltam para a luta. Deu a entender que todos irão morrer. Caso tenha um segundo filme, certamente mostrarão ela morrendo.

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    1. Queria ler a um bom tempo. Comprei no começo do ano e ele ficou na estante...

      É muito tocante, e os contos também. Tudo bastante depressivo.

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  2. Ainda não assistiu "The Social Network"? Que coisa! Também não gostei de "The Avengers". Claro, é um filme ótimo para quem gosta, mas dos personagens só gosto de Thor, e gosto do lado viking da história, onde sangue e álcool é pouco para acompanhar uma vaca inteira, e um sexo oral, para depois decapitar alguém.

    E não achei que a história foi tão bem desenvolvida como falaram. Alguns comentaram que o vilão não poderia ter reviravolta por não ser confiante para consegui-lo, mas na verdade Loki tem sua reviravolta no final do filme do Thor.

    E me interessei nesse "O Diário da Mártir do Holocausto" depois vou procurá-lo.

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."