quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Lá e de volta outra vez

"It's not the end
Not the kingdom come
It is the journey that matters, the distant wanderer"

Dediquei a última entrada para fazer o balanço de 2011 e as metas para 2012 e deixei para falar sobre os acontecimentos mais recentes nesta entrada. E agora acabei de me lembrar de mais uma coisa que eu quero fazer nesse ano que se inicia.

Não lembro se cheguei a comentar aqui anteriormente, mas havia a possibilidade de eu ir em uma viagem até Belo Horizonte para visitar uma exposição de peças do império romano que estava acontecendo na Casa Fiat de Cultura. Minha amiga Adriana me convidou para ir com ela e eu aceitei prontamente. Ela tentou requisitar um ônibus para a faculdade a fim de que pudéssemos fazer uma excursão e deixar a coisa mais animada, muita gente mostrou interesse e ainda havia a possibilidade de sobrar vagas e ai eu tentaria reservar uns acentos para a Janine e para a Jéssica e ai a viagem estaria completa. 

Vocês já devem estar acostumados sobre como as coisas costumam funcionar aqui no Brasil, né? Ainda mais se tratando de uma instituição federal, na UFTM não é muito diferente e rola um desvio de verba, caixa 2, laranjas. E eles tinham verba para colocar billboards (a.k.a. outdoors) fazendo propaganda da universidade pela cidade mas não tem verba para liberar um ônibus para nós... aposto que foi o pessoal de Geografia quem acabou com essa verba... é o primeiro curso itinerante da faculdade.

Uma vez que o ônibus não foi liberado a Adriana decidiu ir no carro dela mesmo. Viajando no carro havia quatro vagas das quais três foram preenchidas por mim, pela Daiana e pelo José e a terceira era a vaga amaldiçoada pelo Vingador e todos que nós chamamos acabaram tendo algum contratempo e não puderam ir... e a lista de pessoas foi grande.

Enfim, a trupe era essa: Adriana, eu, Daiana e José. Duas e pouca da manhã a Adriana passou aqui na minha casa para me pegar e em seguida fomos tentar descobrir onde era a casa da Daiana... 10 minutos depois que eu estava dentro do carro eu comecei a vomitar. Só havia ingerido um copo de café e um copo de suco de frutas cítricas e foi aquele jato, parecia uma catarata saindo dentro de mim. Descobrimos onde era a casa da Daiana, pegamos ela e o percurso até a casa do José foi fácil porque a Daiana sabia onde era. Todos passageiros a bordo pegamos a BR, mas não encontramos sinal nenhum do Vanessão de baixo de um pé de árvore.

Havia tanta neblina e meu estômago estava tão agitado que me senti a Aretuza indo pra Silent Hill. Eu vomitei durante TODO o percurso da ida até Belo Horizonte... são quase 500 quilômetros vomitando. Deixei um pedaço de mim em cada cidade que passamos. Achei que no começo eu havia vomitado por ter ingerido apenas líquidos e decidi colocar algo sólido no estômago e comecei a comer Ruffles. Alguns minutos depois me senti o Houdini da gastronomia e consegui transformar Ruffles naquele mingau de aveia que tem aquele véio de chapéu preto na embalagem. Pra finalizar as personalidades que eu incorporei nessa viagem, por fim me senti o Salvador Dali e fiz uma incrível arte surreal em toda a lateral do carro com o mingau que eu mesmo produzi. Foi necessário passar no lava jato antes de entrar na cidade de Belo Horizonte.

Chegamos lá bem cedo e como a exposição só abria a tarde, esticamos até a feira hippie... um  lugar ótimo para se ir após ter passado a madrugada inteira vomitando. Realmente muito agradável. Tive a confirmação, mais uma vez, de que as aulas de Física foram perca de tempo e que a teoria não se aplica na vida real. Na feira Hippie ficou comprovado que dois corpos podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. A lei da inércia é outra que caiu por terra. Lá se você está parado e se você estiver entre as barraquinhas seu corpo tende a ficar em movimento. Se você entrar em um dos corredores as pessoas providenciarão que você chegue do outro lado da feira involuntariamente. é como subir numa esteira que te conduz até o outro lado. Se você quer alguma coisa que te agrade nas barracas você tem que pensar rápido e se agarrar na estrutura dela com todas suas forças ou o a multidão mais poderosa que uma tsuname te arrastará para longe dali antes mesmo que você consiga gritar por socorro. Sem contar a catinga de metrô que dá uma tontura desgraçada.

Na feira só havia estafilococos empanado e salmonela para comer, então fomos para o shopping com o intuito de ter uma refeição digna. Eu não estava numa vibe de comer porque não sentia meu estômago forte o suficiente para uma refeição, pensei em mastigar um sanduíche mas fui convencido pela Adriana a comer comida de verdade... ela é enfermeira então dei o crédito pra ela. Comi bastante e meu estômago não rejeitou a refeição - ainda bem. E o José que come igual a um pedreiro fez aquela montanha no prato e teve que pagar a bagatela de 57 reais... a Daiana pagou 12 reais em uma bola de sorvete - será que eu aviso pra ela que aqui perto de casa, com 16 reais dá pra comprar um balde de três litros? (para os curiosos, meu prato custou 27 reais).

Todos comidos, rumamos para a exposição. A essa altura minhas pernas já estavam cheias de varizes, inchadas e latejando. Havia uma fila enorme do lado de fora, estava um sol de rachar mamona e não havia lugar próximo para estacionar o carro. Uma hora depois estávamos dentro da Casa Fiat de Cultura. Foi incrível... não apreciei as coisas com a devida atenção por causa das dores nas pernas e a bexiga estourando, ainda assim foi muito interessante.

Muitas estátuas de mármore e bronze - o que foi uma surpresa porque a gente sempre só vê as estátuas de mármore que eles faziam e nunca vemos os trabalhos em bronze do império romano. Havia uma variedade de objetos: bustos, estáruas, joias, objetos do cotidiano como pratos e talheres, lâmpadas, objetos de uso medicinal, urnas tumulares, móveis... Também não sabia que naquela época eles já possuiam tamanho artifício para trabalhar com o vidro. Aprendi muito e foi uma experiência maravilhosa. Assim que saímos da exposição dei uma corrida ao banheiro e mijei quase sangue... ainda terei problemas nos rins um dia.

O retorno foi outra aventura. Uma madrugada inteira no carro e 500 quilômetros de estrada, uma manhã inteira em meio a uma multidão na feirinha, uma hora em baixo do sol e depois várias horas passando de galeria em galeria esbarrando em todo mundo... depois de tudo isso nosso estado não era o dos melhores. Já tava todo mundo cagado, caindo aos pedaços. A Adriana morta de sono e todo mundo cantando Ragatanga do Rouge. Eis que depois de uma hora andando na BR vemos um pedágio que não deveria existir e descobrimos que haviamos pega estrada errada.

Encontrar e voltar para a estrada certa foi uma Odisseia com o clímax sendo a hora em que paramos ao lado de uma viatura da polícia que estava autuando um pessoal suspeito no meio do mato e o polícial chegou no lado do carro e nos interrogou "o que vocês tão fedendo aqui?", enquanto o outro policial mirava uma lanterna na nossa cara. Mas quatro horas depois haviamos conseguido voltar para a estrada correta e íamos felizes cantando Brilha la Luna com direito a coreografia (o José dormindo, como ele fez durante a viagem inteira) e a 20 minutos de chegar a Araxá o pneu furou.

Ninguém sabia trocar a porra do pneu e lá ficamos. Por sorte a Adriana tinha seguro e a asseguradora mandou um guincho e um taxi para nosso socorro. Demorou várias horas até eles chegarem em nosso auxílio e mais ainda até chegarmos as nossas casas.

O que importa é que todo mundo chegou bem e, apesar de todos os problemas, foi uma viagem maravilhosa em boa companhia e todo mundo ficou com vontade de mais. Vou ficar devendo as fotos porque ainda não peguei elas com o José e com a Daiana.

Ia contar outras coisas, mas acho que só o relato dessa viagem já deu parágrafos de mais... em outra entrada conto os outros acontecimentos da minha vida. Principalmente sobre como estão sendo minhas férias.

That's all folks!

3 comentários:

  1. Nossa! Foi uma viagem bem dramática mesmo. Ao menos vc gostou da exposição e estava com boas companhias. Vamos ver se no ano que vem surge alguma outra oportunidade de vc, eu e minha irmã viajarmos juntos. Seria ótimo!

    Sua viagem me lembrou um pouco (mto) uma que fiz em 2009, numa excursão da escola. O plano era irmos pra São Paulo, num ônibus aconchegante, visitarmos o Masp e o Museu da Língua Portuguesa. Era o plano...

    No bilhete entregue pela escola dizia que no ônibus havia ar condicionado, banheiro, dvd, televisão e frigobar. Chegando no ônibus, o ar condicionado não estava funcionando e o jeito era deixar as janelas abertas. O banheiro não tinha água, o motorista insistiu em dizer que não sabia ligar o dvd (na verdade era preguiça de arrumar os fios) e que tbm não sabia fazer a tv funcionar. Frigobar na verdade era uma caixa de isopor ao lado do banheiro, onde todo gelo derreteu com umas 5 horas de viagem (eram 8 horas...).

    Como se tdo não fosse ruim o suficiente, chegando lá resolveram andar por umas ruas (como se São Paulo fosse "Beraba") pq o Museu da Língua Portuguesa ainda estava fechado. Ficamos em uma enorme fila (num sol nenhum pouco forte )durante mais umas 2 horas, pois a escola não havia avisado que iria no museu no dia, fazendo com que outras escolas tivessem a preferência.

    Entramos tarde demais e tivemos que visitar tudo voando. Nem deu pra aproveitar. Descobrimos depois que no Masp não poderíamos ir, devido a uma greve de não sei o quê (dos motoristas de ônibus ou sei lá...). Aliás, algo avisado com toda a "educação" do mundo pelo motorista do nosso ônibus.
    Aí decidiram levar todos pra Pinacoteca do Estado, que é um lugar muitíssimo interessante, mas que sem alguém para nos explicar vários detalhes, foi meio inútil. A própria professora de Artes estava "meio perdida" ou simplesmente sem vontade de explicar algo para os alunos (o que até compreendia, já que a maioria pouco se interessava pelas aulas dela). Na saída, uma aluna resolve sumir, gerando um drama entre a diretora e os professores. No final a menina havia combinado de encontrar um amigo e saiu andando por lá sem avisar...

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  2. Aí o povo resolveu ir almoçar e novamente achando que São Paulo é igual Uberaba, onde tudo fica pertinho, saíram igual frango louco andando pelas ruas da cidade. Todo mundo morrendo de fome, a ideia era ir num restaurante, mas por algum motivo jamais compreendido, os professores separaram os alunos em vários pequenos grupos. Os sortudos foram direto ter um belo almoço num restaurante, enquanto o resto se aventurou por algumas ruas tentando encontrar um lugar para comer.

    Depois de andar duram uma meia hora ou 40 minutos (e todo mundo morrendo de fome), uns conseguiram achar algum local agradável para comer e outros (como eu), tiveram que lanchar numa lanchonete qlq. Eu e meus colegas lanchamos num lugar onde o banheiro era do lado de onde o cara fazia os lanches. Isso era o mais aceitável que constatei da higiene do local. Hesitando bastante, mas com mta fome, decidi comer uma coxinha, que talvez tinha mais vida do que qualquer outro ser que estivesse passando por ali. O cheiro no local era bem agradável tbm. Num momento vinha um cheiro de xarope, depois de esgoto, aí de urina, gasolina, novamente de xarope...era uma delícia.

    Depois de todo o esquema da viagem ter furado, na volta professores e diretora meio que brigaram por causa dos desencontros na hora de ir almoçar e o clima ficou bem chato no ônibus. Todo mundo morto, suado, sem aproveitar a viagem direito, sem banheiro no ônibus, sem lugar pra guardar agua, sem nada pra fazer... A única coisa boa foram certas graças que o povo fazia no ônibus pra poder descontrair um pouco.

    Na verdade, o que causou todo o problema foi que a escola havia organizado super mal a viagem.

    Mas enfim, essas coisas acontecem. Viagens nem sempre saem como planejado (aliás, raramente saem como o planejado). Minha pergunta final, e apenas uma curiosidade, é se vc se sentiu mal por estar no carro ou se foi mesmo de algo que comeu? Digo, se costuma passar mal em viagens...

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  3. Viagens assim são boas porque rendem histórias depois...

    Olha, eu acredito que o que me fez passar mal foi o cheiro do carro. Tinha um cheiro de carro novo muito forte, não sei se é de borracha ou óleo ou alguma outra coisa assim, era um cheiro de coisa de plástico novo... É a única explicação que tenho uma vez que não costumo passar mal quando ando de carro e melhorou depois que o cheiro sumiu.

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."