Don't you forget about me...

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
[...]
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.

- Alvaro de Campos (Fernando Pessoa); Tabacaria

Hell-o. Hoje aconteceu algo que me fez refletir bastante... Fiz meu ensino médio na Escola Estadual Minas Gerais, de 2006 até 2009. Atualmente estou lá novamente, agora como professor. As vezes venho aqui e escrevo como mudei de algum tempo pra cá, depois que entrei na faculdade... Hoje tive reunião do PIBID e minha professora supervisora foi minha professora de Inglês no primeiro ano do ensino médio, lá em 2006.

Enfim, estávamos lá com outras pessoas do meu grupo do projeto. Conversa vai, conversa vem, a professora comentou sobre como eu era quando aluno... Lembrou que eu sentava no fundo, lembrou dos amigos da minha panelinha, e em determinada momento disse que continuo do mesmo jeito. Digo, minha personalidade não mudou nem um pouco. 

Fiquei pensando nisso. Esses dias um amigo que conheci na quinta série comentou uma atualização minha no facebook... hoje chamei ele no chat do facebook pra conversarmos. Me supreendi bastante, fui na página dele e olhei as fotos e quase não o reconheci. Alguns traços continuam lá, mas no geral ele mudou bastante fisicamente. Também notei algumas coisas (atualizações) que demonstram algumas coisas da atual personalidade dele. Bom, considerei ele o meu melhor amigo por muitos anos, até hoje tenho um desenho que ele fez pra mim no final da quinta-série...

Fico pensando se as pessoas que fui muito amigo no passado e acabei perdendo o contato, ainda seriam bons amigos se eu os aproximasse novamente. A Larissa, por exemplo, fico anos sem vê-la e quando a gente se esbarra pela vida conseguimos conversar como se fossemos íntimos (mais rimos do que conversamos, na verdade. E quanto junta o Jéferson, fica melhor ainda). A base da minha personalidade não mudou, mas tenho medo que muita gente que conheci e gostei tenha mudado.

Sabe... aquelas pessoas com que você cultivou boas lembranças, pessoas com quem você se importou, fez parte da sua vida e marcou. As vezes não sei se é melhor nunca mais encontrá-las e manter aquela boa impressão que você tinha delas ou vê-las novamente e ter todo aquele passado destruído pela nova pessoa que ela se tornou. 

As vezes quando você convive com uma pessoa e ela muda, mas você acompanha a mudança, vê ela de forma gradativa, recebe em doses pequenas e acaba se acostumando com ela (muitas vezes nem chega a perceber que aconteceu uma mudança até que um belo dia a pessoa faz alguma coisa e você pensa "nossa, você não era assim!").

Sim, tenho muito medo de não reconhecer mais algumas pessoas. Acho que é por isso que tento manter algumas sempre por perto. A Janine, a Mylena, por exemplo. Mas é legal quando você fala com alguém que não falava a muito tempo e percebe que o tempo não fez mudar a sua relação com ela. Fiquei quatro horas conversando com o amigo da quinta-série... o tempo passa, mas você precisa trocar meia dúzia de palavras pra se lembrar porque você considerou aquelas pessoas como melhores amigos.