segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O problema da dor

Eu estava esgotado de assunto até que minha amiga Janine me inspirou com a nova entrada no blog dela. Há algumas semanas trás havia comentado que tinha interesse de começar um diálogo com o blog dela, inclusive já comecei e hoje volto a esse diálogo novamente. Então para você que está lendo essa entrada aqui é preciso ler primeiramente a entrada que a Janine fez lá no blog dela pra você conseguir acompanhar minha linha de pensamento.

A verdade é que eu não sei por onde começar e tenho uma incredulidade de que irei conseguir expressar tudo o que eu sinto e conseguir ser compreendido pelos desocupados que estiverem lendo isso. Talvez tomando um chá de lexotan e absinto fique mais fácil de absorver as ideias... mas sem gracinhas agora. O fato é que operou uma mudança em meu íntimo a algum tempo e passei a ver as coisas sob uma nova perspectiva. Acho que já não estou tão naquela inércia de algum tempo atrás... a mudança começou, ainda em um estágio embrionário, mas alguma coisa mudou.

Já não me importo com as pessoas fúteis. Garotas e garotos que não usam roupas "adaquedas", não leram 1984, só assistem novela, só querem ir para festas, encher a cara e ficar uns com os outros... isso já não me perturba mais. Se a pessoa faz isso e se sente bem assim, bom pra ela... Estou parando de apontar dedos e julgar, acho que por mais que a pessoa seja diferente de você e partilhe de princípios diferentes ainda assim você pode aprender alguma coisa com ela. Não olho mais para como a pessoa se comporta, olho para como ela interage comigo e se interage mal, não dou a mínima. Acho que "ser mais inteligente" que o outro é isso, compreender que aquela pessoa é estúpida com você porque ainda não amadureceu e não porque é culpa dela. Acho que aprendi a perdoar...

Não sou perfeito nem de longe (embora eu saiba fingir relativamente bem). Tenho noção de diversos defeitos meus que ofendem as pessoas e estou tentando trabalhar neles, mas não é fácil mudar algo que parece ser o que te define. O mundo não gira em torno de ninguém, mas se você nunca pensou que o mundo gira em torno de você, acho que você não faz diferença nenhuma. Se você nunca pensou que o mundo estava esperando você chegar para você revolucioná-lo... é lógico que não dá pra ser assim 100% do tempo, mas ao menos uma vez na vida é preciso querer ser o centro, mostrar que você não é um ninguém. Você é importante e tem muito a acrescentar na humanidade.

Como disse, não sou perfeito. Tenho muitos problemas mesmo que eu tente não deixar transparecê-los. Ninguém além de mim sabe do ódio, das tristezas, tentativas de suicídio, da ravia, o sentimento de impotência... esse lado eu não mostrei. Fora do meu quarto ninguém nunca me viu chorando. Nem quando eu estava perdido sem perspectiva, nem quando minha mãe ficou um mês internada no hospital por causa dos problemas no coração, nem quando eu já não queria seguir em frente. Para os outros eu sou sempre o sarcástico, alegre. Os desconhecidos que leem meu blog sabem muito mais da minha vida e dos meus sentimentos do que os meus pais.

O ser humano não é perfeito, mas é aperfeiçoável. Como pode ver, também tenho a cabeça cheia de coisas. Estimo muito meus amigos e tenho minha maneira peculiar e estranha de demonstrar afeto. Ai a Janine escreve que tentou comentar dos problemas dela com alguém e que esse alguém não foi de muita ajuda - ai fico queimando neurônios voltando no passado e tentando lembrar se foi eu. As vezes a gente está gritando tão alto por dentro pedindo socorro que nem conseguimos perceber os pedidos de socorro da pessoa que está ao nosso lado.

E quando alguém ouve aquilo que estava nos sufocando o peito, não podemos esperar uma solução vindo dela. Geralmente a situação é delicada e involve muitos fatores e a pessoa simplesmente não sabe o que dizer. O máximo que resta é buscar a experiência do senso-comum. E isso não é ser insensível e incompreensível - a gente faz o que pode com as ferramentas que tem. Esperar que alguém lhe dê as chaves para a solução dos deus problemas é aceitar que o que você está passando é algo fácil - e você sabe que não é. Mas seja paciente com aquele que lhe estende a mão.

Tem muita coisa que eu gostaria de mudar e tem muita coisa que eu sei que não está a meu alcance mudar. Reconhecer o que você não pode mudar é um ótimo começo - não dá certo daquela forma que você estava querendo então é hora de analisar e ver quais são as possibilidades e tentar traçar um plano para contornar a situação. Se é impossível mesmo mudar aquilo, existe alguma forma de amenizar a situação? Outro problema com relação a isso é o imediatismo. Queremos tudo certo e agora e sem fazer esforço nenhum. Para alcançar o que a gente quer pode demorar e exigir muitos sacrifícios e a única coisa que eu consigo sugerir para ficar mais fácil de suportar é pensar nos benefícios que aquilo vai trazer... e ter o apoio de um amigo ajuda bastante também.



Jem - It's Amazing (New) por wonderful-life1989

2 comentários:

  1. "Já não me importo com as pessoas fúteis."

    Sempre tive amizades com pessoas bem diferentes de mim. A maioria curte novela, festas e pegação. Não acho elas inferirores por causa disso, pois sei que apesar de eu considerar várias dessas coisas futilidades, sei que as pessoas também tem seus lados bons (assim como eu, q como disse na minha postagem, não sou perfeita...e sim, tenho várias coisas "toscas"). Até os meus 17 anos, mais ou menos, era cheia de julgar os outros e me achava demais. Me achava superior e melhor que muita gente. A vida fez questão de fazer eu baixar a bola. Vi que ñ era tudo aquilo q eu achava q era e parei de ficar julgando os outros. Procuro aprender coisas diferentes com pessoas diferentes. Aprendi mta coisa, mas ainda sei mto pouco. Na verdade, não sei nada.

    O que costumo dizer no meu blog é em relação as pessoas fúteis que são cheias de desprezarem os que são diferentes delas. Ridicularizam quem não bebe, quem não gosta festas, quem não faz tudo o que elas fazem. Aí por mais que vc tente dar um de bonzinho e compreensivo, não tem como. Essas pessoas incomodam sim. Compreendo muito bem que muitas pessoas agem de forma estúpida por imaturidade. Dou até um desconto por isso. Mas não dá para negar que incomoda. E se incomoda, é pq vc se importa. Então, portanto, me importo sim. Não me acho melhor que essas pessoas e se me acho melhor que algumas, não vou ridicularizá-las por isso. Agora essas pessoas parecem fazer questão de querer colocar pra baixo quem é diferente delas. Isso é chato e incomoda.

    "O mundo não gira em torno de ninguém, mas se você nunca pensou que o mundo gira em torno de você, acho que você não faz diferença nenhuma."

    Com certeza. Concodo. É legal pensar assim as vezes e a ideia é muito bonita. Mas só adolescentes vivem desse pensamento. Como vc mesmo disse, não dá para pensar assim o tempo todo. Pq a vida não funciona assim. Por mais que a ideia seja linda, a vida não é assim. Sim: eu me acho importante, quero fazer a diferença e espero um dia mostrar todo o meu valor e potencial para as pessoas que tanto me desprezam. Mas tenho q acordar pra realidade e ver que ainda tenho muito caminho pela frente e que no momento, ngm tá pouco se lixando pra mim. Enfim, sobre isso de "as coisas não giram ao seu redor" q falei lá no meu blog, foi mais pra adolescente mesmo. Adolescente viaja demais (e ñ vou explicar isso agora pois estou um pouco com pressa).

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  2. Sobre os "alguéns" que citei na postagem, não, não se tratava de você. Depois do meu fracasso tentando explicar pra essas pessoas o porquê do meu desanimo persistente, desisti de contar qualquer coisa para as pessoas. "Tá tudo bem, tudo ótimo". É sempre minha resposta.

    De forma alguma, nunca esperei que essas pessoas aparecessem com soluções para os meus problemas. Nunca espero isso de ninguém, pois desde meus 12 anos sei muito bem que eu terei que resolver tudo sozinha. Na verdade, detesto contar algo para alguém e a pessoa tentar achar a solução para os meus problemas. Pois sei que ela não vai achar, já que ela não sabe exatamente quais são meus problemas.

    Contava meus problemas na tentativa de fazer apenas com que as pessoas compreendessem porque nem sempre estou sorridente, contente e alegrinha. Elas eram cheias de me julgarem, imaginei que se eu explicasse um pouco porque as vezes ficava tão pra baixo, elas iriam entender. Mas ñ entenderam.

    "O máximo que resta é buscar a experiência do senso-comum. E isso não é ser insensível e incompreensível - a gente faz o que pode com as ferramentas que tem. Mas seja paciente com aquele que lhe estende a mão."

    A melhor coisa a se fazer quando alguém te conta os problemas que tem, é apenas escutar. A pessoa está te contando para desabafar ou apenas para vc procurar entender alguns dos comportamentos dela. O que me deixa irritada é gente falando "Aff, mas todo mundo tem problemas!", "Aí, eu tbm tenho problemas, meu cachorro, por exemplo, insistiu em tentar andar sobre duas patas...aff", "Ah, desencana...é só vc não ligar pra nadaa!". Quer dizer, além da pessoa não entender nenhum pouco pelo o que vc está passando ainda se desfaz do seu problema, como se ñ fosse nada, como se vc tivesse exagerando. Meu, como alguém sabe que vc está exagerando ao dizer sobre seus problemas se a pessoa ñ vive com vc 24 horas por dia?

    Buscar pelo senso-comum e utilizar as ferramentas que pode e tem é dizer "fica assim não, isso passa", " nossa, entendo pelo o que está passando", "não entendo mesmo pelo o que vc passa, mas creio ser difícil". Isso é ajuda. Mesmo que seja simples e comum, já é algo. Agora, gente querendo dizer q vc exagera, q vc ñ tem nada ou tentando comparar os probleminhas dela com os seus horríveis problemas, é sacanagem! Isso é falta de compreensão e insensibilidade. E é sobre isso que falei na minha postagem.

    Bom, mais alguma coisa? huahaua

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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."