domingo, 12 de setembro de 2021

Constelação Familiar

Dia #6

Outro dia um amigo estava falando sobre os problemas que teve com a família durante a infância [em especial com o pai alcoólatra],  uma outra amiga também reclamou no twitter de uma situação familiar e nos dois casos eu usei minha situação como exemplo de que está tudo bem não se dar bem com a família.

Precisei de tempo para amadurecer, minha infância e adolescência foi de casa para a escola e da escola para a casa. Quase nunca saia, não visitava amigos e eles não me visitavam, não tive muitas das experiências que muitas pessoas têm. No começo da faculdade eu ainda mantinha esse estilo de vida, se depois de algum tempo que comecei a me permitir conhecer o mundo. 

Precisei de tempo para me politizar um pouco, ter contato com definições sobre feminismo, machismo, sobre raça, etnia, sexualidade e gênero. Todos esses assuntos que todo mundo deveria estar aprendendo e discutindo para virar alguém melhor.

Depois desse arcabouço teórico eu comecei a entender um pouco melhor minha relação familiar. E ainda assim teve coisa que eu só fui entender depois da morte da minha mãe e meu pai começar a namorar de novo e reproduzir o mesmo comportamento que tinha com a minha mãe.

Eu já me perdoei por não ter nenhum sentimento pelo meu pai. Ele não é uma boa pessoa. É dissimulado, manipulador, abusivo, violento. Ele fez o básico, a obrigação e não acho que merece uma medalha por isso. Dá mesma forma que alguém pode falar que ele me deu teto e comida e que tem muita gente que nem isso tem eu posso contra argumentar que tem gente que tem muito mais. Por quê eu tenho que me comparar com quem está por baixo?

E eu não estou falando de que ele deveria ter me dado coisas materiais, muito pelo contrário o que ele podia ter ofertado não custava um centavo: podia ter sido uma pessoa menos abusiva com minha mãe, podia ter me possibilitado um ambiente menos tóxico para eu crescer. 

Não acho que devemos servidão às pessoas só por termos o mesmo sangue. Família pode ser um trauma muito grande e ninguém precisa ficar preso a essas pessoas para sempre. Em muitos casos o melhor a se fazer é cortar relações. Tenho certeza que economizaria muita terapia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."