domingo, 12 de setembro de 2021

Um outro tipo de responsabilidade

 Dia #5

No dia #3 eu falei sobre algumas responsabilidades, falei que consigo lidar bem com as responsabilidades da casa e o que me assusta é perder controle da questão financeira. Hoje eu percebi que essa responsabilidade é leve e fácil de assumir porque ela só afeta a mim mesmo. E foi por causa de algo que acabou de acontecer que eu percebi que tenho medo de um outro tipo de responsabilidade. Muito mais medo.

Meu namorado foi viajar para visitar a mãe no sul. Devido a pandemia ele não pode vê-la ano passado e ficou quase dois anos sem vê-la. Mas agora que ele tomou as duas doses da vacina, a mãe dele também, aproveitou os 15 dias de férias que vai ter e decidiu passar uma semana na casa da mãe. E por esse motivo eu fiquei responsável por cuidar do gato dele. 

A casa dele é longe pra eu ficar indo e voltando, então decidi trazer o gato aqui para casa de forma que eu consiga conciliar os cuidados com o animal e o meu trabalho. O gato é uma fofura, muito vocal, mas bem comportadinho. Assim era enquanto estava em um ambiente familiar porque assim que chegou aqui em casa ele se tornou um anima selvagem. É digno de nota informar que ele tem cerca de 6 meses e ainda não foi castrado [está programado para semana que vem] e está entrando no cio...

Tranquei ele no quarto que era do meu pai e coloquei tudo o que ele precisaria para as necessidades e diversão. Hoje a noite eu havia fechado toda a casa para poder ir dormir. Fui fazer algo no computador e quando terminei fui à cozinha beber água. E no caminho vi que, não somente a porta do quarto estava aberta como a porta da sala estava escancarada. 

O desespero bateu forte. Já corri e comecei a chamar o gato olhando por todos os cantos da casa. Cheguei a sair na rua e dar uma volta para saber se o animal havia ido pra rua. Respirei fundo e racionalizei que ele não teria saído para a rua, o vão do portão é muito pequeno para ele. Voltei para casa e fiz uma nova ronda.

Dessa vez ouvi um barulho quando estava no quintal, olhei para cima e vi o gato no telhado. Subi com ajuda de uma escada velha e totalmente instável, levei uma caixinha de petisco para fazer barulho e atraí-lo e isso funcionou a principio. O gato se aproximou e eu consegui pegá-lo. O problema foi na hora de descer... a escada totalmente instável começou a querer cair e acho que o gato começou a se incomodar comigo o segurando e começou a lutar para escapar e eu, por reflexo, o segurei com mais força. Talvez tenha doído porque ele enfiou os dentes em mim o mais fundo que conseguiu até que eu afrouxei a pegada e ele conseguiu escapar. 

Após sentir o gosto do meu sangue ele foi ao êxtase. Não  aceitou eu me aproximar, se arrepiou, rosnou. Quando ele entrou em baixo dos galhos da mangueira do quintal e eu o perdi de vista tive que recuar e pegar meu celular para usar a lanterna e percebi que devia usar uma toalha para agarrá-lo, a mão seria impossível sem receber alguns ferimentos. 

Retornei ao telhado com o aparato, mas não consegui encontrar o gato. Senti um desespero imaginando que ele havia pulado para o telhado vizinho ou no terreno baldio  do fundo. Se fosse esse o caso, eu não teria o que fazer, não seria possível ir atrás dele nesses lugares. 

Mas tive um pouco de sorte e vi que ele estava todo arrepiado se esgueirando pelo chão. Desci, precisei fazer uma caçada mas finalmente consegui pegá-lo de volta e devolver ao quarto que era onde ele deveria ter ficado o tempo todo. E dessa vez  amarrei o trinco como forma de reforço para que ele não fuja. 

Acho que ser responsável por coisa dos outros é muito mais grave do que responsabilidades pessoais. Se eu não fizer a janta eu não como, mas eu sou o único afetado com isso. Quando alguém te delega uma responsabilidade porque confia em você e algo sai fora do controle, é desesperador. E a vergonha até queima porque eu me sinto como se eu não tivesse feito questão de fazer o favor direito... dessa vez deu tudo certo e acho que vou conseguir dormir tranquilo.



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"Chegou à conclusão de que era um monstro, separado do resto da humanidade. Caiu sobre ele uma tristeza tremenda..."